3 Motivos para Fazer Um “Detox” das Redes Sociais

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Com o fim do ano cada vez mais próximo, você provavelmente se encontra em um momento de introspecção, refletindo sobre seus objetivos, hábitos e até mesmo sobre sua própria identidade. Mas um questionamento que você talvez não tenha considerado é: “Do que eu realmente gosto?” É uma pergunta simples que, à primeira vista, pode parecer insignificante. No entanto, na era digital, muitos podem ter dificuldade em respondê-la.

As redes sociais tornaram-se inseparáveis das nossas rotinas, a ponto de dedicarmos — muitas vezes sem perceber — horas consideráveis do nosso dia rolando as timelines no Instagram, TikTok e X. Ao fazer isso, podemos perder contato com as atividades do mundo real que nos traziam alegria fora das redes.

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Essa é uma realidade que muitos podem hesitar em enfrentar. No entanto, se você considerar uma pausa total das redes sociais — deletando esses aplicativos do seu celular por pelo menos uma semana — provavelmente enfrentará essa realidade de frente. Se optar por experimentar o “detox digital”, aqui estão três coisas que você pode notar, caso seja sua primeira vez.

3 motivos para fazer um “detox” das redes sociais

1. Existem espaços vazios que as redes sociais preenchem

Ao deletar os aplicativos de redes sociais e se comprometer com um período de detox, o primeiro ponto que você notará é quanto tempo elas ocupam no seu dia. Pode ser que você instintivamente pegue o celular para checar mensagens ou rolar a timeline e só depois se lembre de que os aplicativos foram deletados — e que precisará encontrar outra coisa para fazer.

Em média, o brasileiro passa mais de cinco horas por dia no celular, segundo pesquisa conduzida pela plataforma Data.AI em 2023. Mas muitas pessoas estão bem acima dessa média. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de países que mais usam dispositivos móveis diariamente, o que certamente não acontece sem consequências.

Um estudo de 2019, publicado no International Journal of Mental Health and Addiction, aponta uma série de efeitos negativos associados ao tempo excessivo de tela — como declínio cognitivo, aprendizado mais lento, baixa autoestima e aumento de sintomas de problemas de saúde mental. O relatório definiu como “excessivo” o tempo de tela acima de duas a três horas por dia.

O detox dos dispositivos digitais traz uma percepção: sem eles, há espaços vazios em nossas vidas. Ao romper com o hábito de ficar nas redes sociais, você pode notar aspectos que anteriormente ignorava ou podia evitar, como o silêncio, o tédio e a pergunta insistente: “O que eu faço agora?”

2. As redes sociais te afastam do que você realmente gosta

O excesso de tempo livre que você tem sem as redes sociais traz um confronto com a pergunta “Do que eu realmente gosto?” Para muitos, o primeiro passo natural seria retornar a hobbies antigos ou negligenciados — seja ler, ouvir música ou fazer trabalhos manuais. No entanto, ao revisitá-los, você pode perceber os efeitos mencionados de declínio cognitivo e aprendizado mais lento. Ou seja, esses hobbies podem não parecer tão fáceis ou gratificantes quanto antes.

Resultados de um estudo de 2016 da revista acadêmica Computers in Human Behavior ajudam a entender essa percepção. A anedonia — a perda de prazer em atividades ou hobbies que antes eram prazerosos — foi fortemente associada ao vício em internet e o tempo excessivo de tela.

É comum não perceber o quanto as redes sociais e a internet ativam o sistema de recompensa do cérebro. Elas fazem isso de maneira imediata e superficial: oferecem pequenas doses de prazer que não exigem muito esforço ou envolvimento.

Se você tem um tempo excessivo de tela, a experiência com o detox digital pode mostrar o quanto você se tornou dependente da gratificação instantânea que as redes proporcionam. Com o tempo, essa dependência pode tornar outras atividades — especialmente as que exigem paciência e esforço — menos recompensadoras.

Ler um livro longo, tentar tocar músicas que você já sabia de cor ou trabalhar em um projeto manual pode parecer tedioso e chato. Após tentar esses hobbies, você pode instintivamente fazer uma pausa e pegar o celular — pois o que você costuma fazer online pode parecer mais recompensador do que seus hobbies antigos offline.

Isso não é um reflexo dos hobbies em si, nem de você. Quanto mais dependemos das atividades online para obter pequenas doses de dopamina, mais difícil se torna encontrar alegria nas experiências offline — mesmo que você saiba que esses hobbies já foram uma grande fonte de alegria. A realidade é que as redes sociais nos distraem do que realmente gostamos; é mais fácil rolar a tela com o dedo para obter recompensas imediatas do que usar as duas mãos para algo que pode ser mais gratificante a longo prazo.

3. Você pode viver sem

Os primeiros dias de detox digital e de reconexão com antigos hobbies e outras atividades serão desafiadores. Você vai viver momentos de tédio, silêncio e frustração difíceis de ignorar. Mas, se você persistir, chegará um momento em que termina o livro, completa o projeto de tricô ou finaliza aquela pintura, por exemplo, além de perceber que não checou o celular frequentemente. Você estará apenas com seus pensamentos e com o que está à sua frente, e verá que a pergunta “Do que eu realmente gosto?” tem uma resposta clara — uma vez que você se sente confortável vivendo sem distrações constantes.

Claro, é impraticável remover telas ou redes sociais completamente das nossas vidas. Para muitos, nosso trabalho e relações dependem delas. Dito isso, nosso tempo livre pode ser melhor aproveitado do que deitado, rolando a tela por horas a fio — e um detox digital pode ser a melhor maneira de perceber isso. Além de se reconectar com antigos hobbies, um estudo de 2020 destaca que o detox pode oferecer benefícios como melhora no sono, redução da ansiedade e uma mudança geral positiva no humor.

Quando seu período de detox termina, não é necessário parar de ver as páginas de redes sociais dos amigos ou assistir a vídeos engraçados. No entanto, reconhecer que você pode viver sem várias horas diárias de tela te ajuda a lembrar o quanto de vida há para viver — mesmo em um único dia. Uma vez que você se sente confortável sem isso, começará a ver esses espaços vazios sob uma nova perspectiva: como oportunidades para melhorar e crescer e uma chance de encontrar alegria em tudo mais que a vida tem a oferecer.

*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.

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