Papa: “com o Espírito Santo, podemos semear a esperança no mundo”

Em sua homilia, Francisco destacou importância de olhar atento aos mais necessitados e ação dos cristãos para promover esperança neste mundo

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São Pedro / Foto: REUTERS/Remo Casilli

A Igreja celebra neste domingo, 17, o Dia Mundial dos Pobres. O Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São Pedro nesta manhã por ocasião da data e, em sua homilia, exortou os fiéis a não se esquecerem dos pobres.

Durante a homilia, o Pontífice iniciou sua fala refletindo sobre o Evangelho do dia (Mc 13,24-32). Na passagem, Jesus fala aos discípulos sobre o fim dos tempos e como é necessário estar preparado para quando chegar o dia em que o Filho do Homem retornará. Diante disso, o Santo Padre enfatizou que “quando tudo parece desmoronar-se, que Deus vem, que Deus se aproxima, que Deus nos reúne para nos salvar”.

Neste contexto, Francisco indicou aos fiéis que deve se deter nas duas realidades, “angústia e esperança, que sempre duelam entre si na arena do nosso coração”. Ele observou que a primeira delas é muito difundida na atualidade, “tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais incerto”.

Jesus acende a esperança

Se o nosso olhar, prosseguiu o Papa, “se detém apenas na crônica dos acontecimentos, dentro de nós a angústia ganha terreno”. Diante da fome e da miséria que oprimem tantos irmãos e dos horrores da guerra e da morte de inocentes, corre-se o risco de “afundarmos no desânimo e de não percebermos a presença de Deus no drama da história”.

“Vemos crescer à nossa volta a injustiça que causa a dor dos pobres, mas juntamo-nos à corrente resignada daqueles que, por comodismo ou por preguiça, pensam que ‘o mundo é assim mesmo’ e que ‘não há nada que eu possa fazer’. Desse modo, até a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade”, expressou o Pontífice.

Ele citou a Exortação Apostólica Evangelii gaudium para recordar que “enquanto crescem as desigualdades e a economia penaliza os mais fracos, (…) os pobres e os excluídos não podem fazer outra coisa senão continuar a esperar”. Contudo, diante do exposto por Jesus no Evangelho, a esperança é acesa novamente.

Cristo “alarga o nosso olhar para que aprendamos a perceber, mesmo na precariedade e na dor do mundo, a presença do amor de Deus que se faz próximo, que não nos abandona, que atua para a nossa salvação”. Ao apontar para sua morte, Jesus também indica o poder da ressurreição, que destruirá as cadeias da morte, e um mundo novo que nascerá das ruínas de uma história ferida pelo mal.

Promover a esperança cristã

Na sequência, o Santo Padre salientou a proximidade e a fraternidade cristã. Neste sentido, questionou os presentes na Basílica de São Pedro se, ao darem esmola, tocam as mãos das pessoas ou apenas jogam a moeda sem tocá-las, e se olham nos olhos da pessoa que ajuda ou desviam o olhar.

“Somos nós”, destacou Francisco, citando a Carta Encíclica Fratelli tutti e frisando a ação do Espírito Santo, “que podemos e devemos acender luzes de justiça e de solidariedade, enquanto se adensam as sombras de um mundo fechado. Somos nós que a sua Graça faz brilhar, é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte”.

O Papa lembrou ainda que a esperança cristã, “que se realizou em Jesus e se concretiza no seu Reino, precisa de nós e do nosso empenho, de uma fé operosa na caridade, de cristãos que não passam para o outro lado do caminho”. Diante disso, afirmou que “não devemos olhar apenas para os grandes problemas da pobreza mundial, mas para o pouco que todos nós podemos fazer todos os dias”.

Por fim, o Pontífice recordou uma advertência do Cardeal Carlo Maria Martini, que disse “que devemos ter cuidado ao pensar que existe primeiro a Igreja, já sólida em si mesma, e depois os pobres dos quais escolhemos cuidar. Na realidade, tornamo-nos a Igreja de Jesus na medida em que servimos os pobres”.

“Digo-o à Igreja, digo-o aos governos dos Estados e às organizações internacionais, digo-o a todos e a cada um: por favor, não nos esqueçamos dos pobres”, concluiu o Santo Padre.

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