3 recados do censo das cooperativas para o ambiente produtivo

O cooperativismo vem conquistando protagonismo socioeconômico no Brasil porque é competitivo para produzir, distribui resultados de modo justo – proporcional à participação de cada cooperado – e preserva a liberdade individual de participar. Desconheço modelo mais eficiente.

O Anuário do Cooperativismo Brasileiro, do Sistema OCB, é uma espécie de censo do setor. Divulgada há três meses, a versão 2024 do levantamento revela que quase 12% da população brasileira está associada a uma cooperativa.

Isso representa cerca de 24 milhões de pessoas, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. É um crescimento constante e consistente.

Mas o levantamento traz mais mensagens relevantes. Destaco 3 delas:

A solidez é um ativo das cooperativas

Existem 4.509 cooperativas registradas junto ao Sistema OCB, presentes em mais de 3.624 municípios brasileiros – em todo o país, são 5.570 municípios.
Quase metade dessas cooperativas (2.405) têm mais de 20 anos de atuação no mercado, dado que evidencia a solidez do setor e a perenidade do modelo.
Vale lembrar que, no Brasil, 70% das empresas fecham as portas com menos de 10 anos de atividade.

É preciso ampliar a participação feminina

Hoje, 41% dos mais de 23 milhões de cooperados são mulheres. Os ramos com maior participação feminina são Consumo, Crédito, Saúde e Trabalho.
Embora venha crescendo, a presença feminina na direção das cooperativas ainda é pequena: apenas 23% do corpo dirigente das cooperativas brasileiras é formado por mulheres.

A liderança das cooperativas tem maturidade

O cooperativismo brasileiro conta com uma liderança madura, com mais de 50% dos líderes acima de 50 anos. Além disso, mais de 80% dos gestores das cooperativas têm mais de 40 anos. Embora o dado indique experiência nas decisões, traz um ponto de atenção: para assegurar a continuidade do modelo, é essencial que as cooperativas tracem planos de sucessão, preparando futuros líderes para uma transição tranquila e eficaz.

Tenho defendido que os gestores públicos conheçam melhor o cooperativismo e se atentem para os benefícios que as cooperativas podem espalhar no ambiente produtivo de um país, estado ou município.

É preciso transformar o cooperativismo em política pública de médio e longo prazo, assim como investir na formação dos cooperados do futuro.

Inúmeros estudos apontam para a relação direta entre cooperativismo, geração de oportunidades e desenvolvimento humano e social.

À medida que nos movemos para uma economia cada vez mais global e interconectada, as cooperativas exercem um papel chave na construção de um modelo econômico justo e sustentável.

Que estejamos todos prontos para abraçar essa transformação e trabalhar juntos por um país mais cooperativo.

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