COP16: “Estamos estabelecendo marcos históricos”, diz Francia Márquez

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EFE_Ernesto Guzmán

Francia Márquez, vice-presidente e ministra da Colômbia, na COP16

A estratégia de conservação da biodiversidade global discutida na COP16, que começou em 26 de outubro e termina hoje (1), na cidade colombiana de Cali, “não está completa sem a população afrodescendente”, defende a vice-presidente e ministra de Igualdade da Colômbia, Francia Márquez. Elas afirma trabalhar para que as propostas cheguem às negociações e não se percam no caminho. “Estamos estabelecendo marcos históricos, mudanças necessárias para fazer com que a conservação global” da biodiversidade “seja uma realidade e completa”. Primeira vez, em 32 anos de história das Conferências de Biodiversidade das Nações Unidas, realizou-se um fórum de afrodescendentes.

A Colômbia, como anfitriã da COP16, dedicou-se a garantir que todas as vozes fossem ouvidas nos encontros de mulheres, jovens, povos indígenas, afrodescendentes e camponeses, como preparação para o que denominou “a COP do povo”.

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“Agora, todas essas propostas em nível nacional que farão parte do nosso Plano de Ação de Biodiversidade também estão sendo levadas ao âmbito internacional”, conta, orgulhosa, Márquez, ressaltando que está sendo “permitida maior participação da sociedade civil”. O papel do Governo é “garantir que a voz, que as propostas, não fiquem apenas em diálogos e fóruns, mas que possamos levá-las ao campo das negociações” da COP16 em Cali.

Proposta com o Brasil

Colômbia e Brasil apresentaram na mesa de negociações uma proposta para incluir no artigo 8J do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal a população afrodescendente, que faz referência a mecanismos jurídicos e outras formas de proteção dos conhecimentos e práticas das comunidades indígenas.

O objetivo de ambos os países é incluir também a população negra nesse marco, pois “não considerá-la, sendo uma população afrodescendente que ocupa territórios tão biodiversos, é fazer um trabalho incompleto”, observa Márquez. No entanto, essa iniciativa é vista com receio por algumas delegações, entre elas de vários países africanos, aos quais Márquez responde: “Tudo isso é um processo, são diálogos entre países, entre nações, então não é uma discussão fácil”.

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“Mas Colômbia e Brasil estão liderando essa questão e esperamos que o resultado seja que o mundo reconheça como um ato de justiça étnico-racial que a população afrodescendente é fundamental para a mudança, para a transformação em termos de defesa da vida, em defesa da Casa Grande”, expressa.

Ela também defende as mulheres: “Nos anos que esse convênio existe, também não houve muitos avanços nem reconhecimento”, diz, mas espera ver quais serão as conclusões dessas negociações. “A esperança é a última que morre, e quando se está no meio do conflito armado, da violência, manter-se vivo já é um ato de esperança (…) agora a Colômbia assume a presidência desta COP16, esperamos impulsionar o que pudermos”, declara.

Quem é a vice-presidente ativista

Márquez é uma líder ambiental com anos de atuação, que recebeu ameaças por seu trabalho em um dos países mais perigosos para defender o meio ambiente, segundo registros internacionais: 79 assassinatos em 2023, o ano mais mortal desde que há registros, de acordo com a Global Witness.

“O ativismo não é algo que se coloca hoje e se tira amanhã, não é uma peça de roupa; eu cheguei ao governo, a fazer parte do Governo deste país com meu ativismo e com tudo o que sou, então continuo impulsionando as lutas”, destaca a vice-presidente na COP16.

Sobre os assassinatos de líderes ambientais, Márquez explica: “Às vezes temos recursos limitados, e isso é parte do que o presidente (Gustavo Petro) vem dizendo, por isso propôs a troca de dívida por ação climática, e uma reforma no sistema financeiro internacional que permita que países com poucos recursos tenham acesso a financiamento para investir no social e no cuidado do planeta”.

Mas ela não detalha mais sobre os números de homicídios ou sobre a ação do Governo para preveni-los, um tema tratado na reunião, onde foi reivindicada maior proteção aos ambientalistas.

Márquez conclui: “Esta é a primeira vez que participo (da COP) como mulher, como afrodescendente e como vice-presidente, e o que estamos garantindo é trazer as discussões, os debates necessários e as propostas necessárias para avançar; hoje, isso é uma necessidade não apenas para a Colômbia, é uma necessidade para o mundo”.

*Com informações da EFE Agência de Notícias

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