Opinião | Justiça por Marielle e Anderson: Uma Luta que Não Traz Paz Completa

A condenação recente de dois dos envolvidos no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes reacendeu a sensação de que a justiça pode, afinal, ser alcançada. Para muitos, é um alívio ver que, após anos de angústia e busca por respostas, há alguma reparação sendo feita. Mas essa vitória, ainda que significativa, levanta uma dolorosa contradição: por mais que a justiça avance, Marielle e Anderson jamais voltarão.

O assassinato da vereadora e de seu motorista, em 2018, expôs uma ferida que permanece aberta no cenário político brasileiro. A violência política, que visa silenciar vozes e intimidar aqueles que lutam por mudanças, é um perigo real para a nossa democracia. Casos como o de Marielle se somam a outros episódios que ameaçam a segurança e a integridade de lideranças políticas, independentemente de sua orientação ou ideologia.

Os atentados sofridos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, com a facada durante sua campanha de 2018, e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo ônibus de caravana foi alvejado por tiros, são provas de que a violência política no Brasil é uma questão urgente e sem distinção partidária. Essas ameaças reforçam a necessidade de combater com seriedade todas as tentativas de cerceamento e de intimidação no cenário político.

A recente condenação no caso de Marielle e Anderson representa, portanto, mais do que um acerto de contas. É um marco contra a impunidade e um passo fundamental para que o direito à vida e à expressão sejam respeitados em nossa sociedade. Mas o clima de insegurança persiste, especialmente para aqueles que ousam enfrentar desafios e propor mudanças profundas.

Fazer justiça por Marielle e Anderson significa, também, trabalhar por um Brasil onde lideranças políticas e defensores de direitos possam exercer seus papéis sem medo, garantindo que tragédias como essa não se repitam. Mais do que apenas fechar um capítulo, a condenação dos envolvidos no caso nos convoca a abrir um novo, onde a violência política seja enfrentada com firmeza e o respeito às diferenças, cultivado com seriedade.

Marco Antônio André, advogado e ativista de Direitos Humanos

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