“Me faz feliz”: em Brusque há 34 anos, pediatra Eliane Lima mantém rotina intensa de atendimentos

De segunda à sexta, a pediatra Eliane de Faria Isfer de Lima, 61 anos, atende dezenas de pacientes em seu consultório na rua Pastor Sandrescky, no Centro de Brusque. Ela chegou à cidade há 34 anos e, mesmo após décadas de dedicação à Medicina, mantém o prazer e a satisfação e a rotina intensa de atendimentos. Ela é uma das profissionais da cidade com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) há mais tempo.

“Trabalho todos os dias de manhã e à tarde aqui no consultório e um dia no Sintrafite. De manhã, eu atendo das 8h às 12h e volto à tarde, por volta de 14h, e fico até acabar, às vezes até 20h30. Por isso que eu digo, tem que gostar. E eu gosto de sair daqui com o sentimento de dever cumprido, sem deixar nada para trás. É uma coisa que me faz feliz, terminar o dia com tudo em dia”, garante Eliane.

Chegada a Brusque

Eliane se formou em Medicina em 1988 em Curitiba. Na capital paranaense, ela conheceu o marido, Sebastião Lima, que é ortopedista e também trabalha em Brusque.

Ela escolheu a profissão após ter contato com a Medicina quando estava no Ensino Médio. “Sou de uma época em que não tinha muitas opções de carreira e eu quase escolhi Pedagogia, mas uma tia bióloga trabalhava na Johnson & Johnson e eu achava aquilo o máximo. Isso me fez ir para essa área da saúde”.

Eliane e o marido estudaram em faculdades diferentes e ele, mais velho, se formou e veio para a cidade antes. Dois anos após se tornar médica, ela veio para Brusque.

Logo que chegou a Brusque, começou a atender em consultório na rua Heinrich Richard Bruno Erbe, no Centro. “A cidade era bem menor, bem mais tranquila”, lembra. Além disso, ela conciliava o atendimento no consultório com os plantões pediátricos na maternidade do Hospital Evangélico.

“Trabalhava de sobreaviso a semana toda. Quando tocava o telefone, a gente corria. Foi um tempo muito legal, as coisas funcionavam muito bem mesmo sem muitos recursos”, lembra.

Brusque é uma cidade pequena comparada a Curitiba, então, quando chegou à cidade, ela sentiu diferenças e lembra da dificuldade para a realização de exames laboratoriais e de conseguir respaldo de Unidades de Tratamento Intensiva (UTIs), por exemplo.

“As coisas demoravam, às vezes não tinha. A tecnologia nos facilitou bastante, exames complementares que antes não existiam, hoje ajudam muito a esclarecer diagnósticos”.

“Conversa com o paciente é essencial”

Ela também percebe que o ensino da Medicina mudou, com muito mais tecnologia, mas destaca que a tradicional conversa com os pacientes segue sendo um grande diferencial.

“Temos médicos muito bons tecnicamente saindo das faculdades por causa de laboratórios, equipamentos que simulam situações reais. Às vezes o que falta é sensibilidade, mas algumas faculdades lutam muito para garantir esse lado humano. Conhecer o paciente, perguntar mais sobre a vida dele, ter tempo de conversa e tratar a pessoa pelo nome é essencial”, destaca.

Dos quatro filhos de Eliane e Sebastião, três seguiram para a área da saúde: Gabriel é médico do Esporte, Carolina é psicóloga e Luísa é estudante de Nutrição – o outro filho, Daniel, é advogado –, mas ela conta que o casal sempre incentivou que eles buscassem os seus caminhos sem a pressão de seguir os passos dos pais.

Contato próximo

A sinceridade e a alegria das crianças levaram Eliane a escolher a especialização em Pediatria. “Criança é vida, é alegria, ela é muito sincera até para relatar o que está sentindo. Aqui no consultório é uma alegria todos os dias. Quando estava fazendo faculdade, passei por estágio em Pediatria e tratar e brincar com crianças foi o que me encantou”.

No consultório, ela tem uma relação muito mais próxima com os pacientes do que em plantões de hospitais, algo que entende como valioso.

“O consultório te dá mais contato com as pessoas, você conversa sobre tudo e acompanha a criança de 0 até 17 anos. É muito gratificante ver o paciente crescer. Às vezes eles se casam, retornam depois com os filhos. Aqui em Brusque, se você está disponível para dar essa atenção, cria um vínculo muito forte, às vezes até de amizade”.

Ela também chegou a atender no Hospital Evangélico de Brusque por cerca de duas décadas | Foto: Bruno da Silva/O Município

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