Jorginho minimiza ataques em Florianópolis e garante segurança em SC: ‘Não prejudica o verão’

Foram algumas horas de susto, vários focos de incêndio, muita desinformação e uma resposta rápida e eficiente das forças de segurança do estado para conter a série de ataques na Grande Florianópolis, no último sábado (19).

Tudo começou na sexta-feira (18), quando uma disputa por território entre organizações criminosas no Norte da Ilha motivou a reação da polícia, que matou um criminoso e desencadeou a onda de ataques em Florianópolis, São José, Palhoça e Tijucas no sábado.

Governador de Santa Catarina, Jorginho Mello descartou alarde sobre os ataques em Florianópolis

Governador de Santa Catarina, Jorginho Mello descartou alarde sobre os ataques em Florianópolis – Foto: Eduardo Valente/Secom-SC/Divulgação

Embora os criminosos tenham reagido em cerca de 20 pontos diferentes, trancando vias, incendiando veículos e até um ônibus, as forças de segurança contiveram os ataques em Florianópolis no mesmo dia.

‘Bandido não se cria’, diz governador sobre os ataques em Florianópolis

Em entrevista exclusiva ao Jornal ND, no último domingo (20), o governador Jorginho Mello (PL) reiterou a frase de que, em Santa Catarina, “bandido não se cria”.

Ele falou das ações que pretende adotar para manter Santa Catarina como o estado mais seguro do Brasil, como a promessa de criação de 6.000 vagas no sistema prisional e o chamamento de mais 1.000 policiais concursados.

Incêndio bloqueou o trânsito na Via Expressa (BR-282) em direção a Florianópolis - Reprodução/ ND

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Incêndio bloqueou o trânsito na Via Expressa (BR-282) em direção a Florianópolis – Reprodução/ ND

Barricad0as foram incendiadas durante série coordenada de ataques em Florianópolis - Reprodução/ ND

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Barricad0as foram incendiadas durante série coordenada de ataques em Florianópolis – Reprodução/ ND

No sábado (19), criminosos fizeram barricadas em diferentes pontos e rodovias da Grande Florianópolis - Reprodução/ ND

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No sábado (19), criminosos fizeram barricadas em diferentes pontos e rodovias da Grande Florianópolis – Reprodução/ ND

Incêndio prejudicou o trânsito na BR-101, em Palhoça - Reprodução/ ND

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Incêndio prejudicou o trânsito na BR-101, em Palhoça – Reprodução/ ND

Gabinete de crise foi instaurado após série de ataques em Florianópolis - Reprodução/ ND

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Gabinete de crise foi instaurado após série de ataques em Florianópolis – Reprodução/ ND

Confira a entrevista

Jornal ND: Embora o susto tenha sido grande, a resposta foi rápida. Como isso foi possível?

Jorginho: Temos procurado dar todas as condições à nossa polícia, tanto é que foram colocadas camionetes novas sábado, blindadas, que entregamos semana passada. A nossa polícia está bem equipada, bem orientada, tem uma inteligência privilegiada, nos antecipamos aos fatos, tanto é que não foi uma operação programada. Foi uma ocorrência em que a polícia foi chamada e tomou partido.

Estamos incluindo mais policiais e não é de agora. Vamos chamar mais 1.000 policiais do concurso e mais um pouco. Temos 500 pessoas em formação. Mas nós atuamos de forma rápida, eficiente, para não deixar o negócio se alastrar.

Sobre a morte, (o criminoso) reagiu, estava armado, levou chumbo, não tenha dúvida. Outros dois estão no hospital, inclusive a Polícia Científica foi até eles sábado à noite, tirou fotografia, coletou digitais e já sabem a identidade dos dois.

ND: Quais são os números da operação de sábado?

Jorginho: Atuaram a Polícia Científica, Polícia Civil, Polícia Militar e bombeiros. Foi uma operação rara de acontecer aqui. Isso não vai servir de incentivo a ninguém, porque debelamos. De forma muito profissional, a nossa polícia está dando conta do recado. Sabemos onde estão as organizações e combatemos para que não cresçam.

Sábado estourou isso, tinha o show [de Paul McCartney], alguns ficaram com medo, mas o pessoal que estava cuidando do show cuidou do show, nós chamamos o pessoal dos quartéis para fazer essa operação de combate. Foram mobilizadas entre 600 e 700 pessoas para atuar.

ND: Como a segurança do Estado vê essa questão das organizações criminosas. Há um monitoramento e um trabalho para desarticular?

Jorginho: Sim. A polícia monitora para ter controle, não deixar alastrar. Mas a polícia cuida de forma muito competente. Os criminosos vivem da venda de drogas, então se organizam para não deixar espaços. Essa disputa leva a esse tipo de crise que deu, que foi momentânea e a gente, graças a Deus, já debelou.

ND: E em relação aos suspeitos?

Jorginho: Das prisões em flagrante, todas foram convertidas em preventivas. O Ministério Público também agiu de forma parceira, o presidente do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) me ligou, a doutora Aletea [Aletea Vega Marona Kunde, superintendente Regional da Polícia Federal]. Esse relacionamento temos com todos os Poderes para trabalhar juntos. Nossa polícia fez contato com o promotor de plantão, ele agilizou tudo, para cumprir a missão com começo, meio e fim.

“Não precisa de alarde nenhum, a população pode ficar tranquila, porque estamos fazendo os deveres de casa, não tem risco nenhum. A Polícia Científica está prestando um grande trabalho agora. Estamos com os telefones desse pessoal que foi preso e estão fazendo a perícia para entregar ao Ministério Público para terem o que está nesses telefones” — Jorginho Mello

ND: E o centro de crise instalado. Vai permanecer?

Jorginho: Não, montamos sábado e eu estava em contato telefônico com eles, porque estava em Itajaí. Depois fui para lá, na Secretaria de Segurança [na avenida Ivo Silveira, no Continente]. Todos os comandantes foram para lá, mas já foi desativado, porque no sábado mesmo já começou a acalmar a situação.

ND: Como estão os números da segurança no estado? Ainda somos exemplo no país?

Um acontecimento desse não mexe com a credibilidade da polícia, muito pelo contrário, aumenta, porque fomos rápidos. Não esperamos ajuda de ninguém, fomos com as próprias forças. Os nossos números são muito bons. A nossa Polícia Civil, por exemplo, está resolvendo 87% dos acontecimentos.

Depois do episódio em Blumenau [atentado à creche Cantinho Bom Pastor, que vitimou quatro crianças em 5 de abril de 2023], compramos equipamentos modernos e conseguimos, inclusive, avisar a Bahia de um possível ataque. Eles pegaram pela internet as conversas, o menino ia levar dentro da mochila uma faca e avisamos a polícia do outro Estado e, depois, eles nos agradeceram. Esse episódio de sábado foi isolado e minúsculo. Não tem a menor chance de prejudicar Santa Catarina no verão, por exemplo, porque seria perigoso. Nada disso.

ND: Santa Catarina sempre teve uma defasagem entre vagas no sistema carcerário e mandados de prisão em aberto. Isso segue ou a gestão está revertendo?

Jorginho: Eu tenho a SAP [Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa], um problema eterno. Estou chamando agora mais 1.000 policiais penais, porque quero fazer 6.000 vagas [em presídios], mas para isso preciso de gente para cuidar dos presos. Estamos resolvendo.

Hoje, temos 5.600 agentes prisionais, entre socioeducativo e polícia. Vou chamar mais 1.000 a 1.500 do concurso. Tenho que preparar essas pessoas, porque quero fazer 6.000 vagas. Vou fazer em Blumenau, Xanxerê, onde existe presídio. Pegar o sítio onde tem o presídio e fazer o espelhamento, aumentar e fazer os barracões para serviço laboral.

A ideia é aprenderem a fazer farda e coturno para as polícias, bombeiros. Hoje, fazem colchão, sofá, roupa, um serviço para a Intelbras e o objetivo é ampliar.

ND: Como está a questão da transferência dos vizinhos aqui do presídio de Florianópolis? Vão se concretizar?

Jorginho: Estou numa luta grande. Vou fazer em Blumenau 1.000 vagas. Já tem o presídio, temos o projeto, a SC Parcerias está trabalhando para fazermos entre 1.000 e 1.500 vagas, depois vou fazer em Xanxerê mais 300, vou fazer em São Pedro de Alcântara mais 500, e quero fechar em 6.000 vagas. E, conforme vou fazendo, vou tirando daqui e ir derrubando as paredes.

Se Deus quiser, até 2026, isso não existe mais. Vai ter esse complexo, que vamos fazer um projeto. Nada de vender. A SC Parcerias está tratando disso. De 53 presídios, 43 estavam interditados pela Justiça por excesso de gente. Estou diminuindo, está em 39. Eles funcionam, mas não pode entrar mais ninguém.

No passado, a gerência das vagas era feita pela SAP. A SAP tem que ter os presídios, quantas vagas tem e quantas estão ocupadas. Estamos mudando isso, mudando o sistema todo. Dentro do Estado de Santa Catarina, quem vai dizer para onde o preso vai será a SAP.

“Esse episódio de sábado foi isolado e minúsculo. Não tem a menor chance de prejudicar Santa Catarina no verão, por exemplo, porque seria perigoso” — Jorginho Mello

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