Orquestra Filarmônica Catarinense: audição ‘às cegas’ seleciona 17 músicos

De costas para os músicos e separados por uma cortina, sete jurados de renome internacional avaliaram “às cegas” durante todo o fim de semana os 41 candidatos pré-selecionados e que estavam disputando uma das 17 vagas cobiçadas disponíveis na Ofic (Orquestra Filarmônica Catarinense), segundo projeto reativado no ano passado para formação de um corpo fixo e projetos sociais.

Seis jurados avaliaram 30 minutos de apresentação de cada candidato – Foto: Leo Munhoz/ND

A etapa final do processo seletivo ocorreu presencialmente entre sexta-feira (23) e domingo (25), no Teatro Governador Pedro Ivo, em Florianópolis. O resultado será divulgado dia 1° de março.

Cada candidato teve 30 minutos para apresentar uma seleção previamente definida, como explica o diretor-executivo da orquestra, Luiz Ekke Moukarzel. “Cada músico apresentou três peças. Uma delas foi de livre escolha, a segunda foi uma peça de confronto definida pelo edital e pela diretoria, e a terceira foram trechos de concertos, também selecionados por nós. O júri avaliou exclusivamente com base no desempenho, sem conhecer o nome, gênero ou cor”, relata.

De acordo com uma das juradas convidadas, a violinista e produtora musical Betina Maag Santos, a audição apresentou uma variedade de talentos, tornando a escolha ainda mais desafiadora para os profissionais.

Betina destaca variedade de talentos nas audições – Foto: Leo Munhoz/ND

“Foi uma experiência emocionante participar da banca de jurados deste processo seletivo. Testemunhamos uma riqueza de talentos musicais e, como jurados, avaliamos os candidatos sem conhecê-los, o que nos reservou muitas surpresas. Isso reforça os talentos excepcionais que temos aqui no Brasil”, destaca Betina.

Processo seletivo da Orquestra Filarmônica

Os 41 candidatos para a etapa final passaram primeiramente pela primeira fase do processo seletivo da Ofic, quando 165 músicos de dez nacionalidades se inscreveram.

Dentre os profissionais que chegaram à etapa final de audições, 24 são de São Paulo, sete de Santa Catarina, dois do Rio de Janeiro, um de Goiás, um do Rio Grande do Norte, um do Espírito Santo e um de Minas Gerais. Também há três brasileiros que moram no exterior, na Áustria, Holanda e Suíça, e um da Bolívia, que reside no Pará.

Luan Costa veio de São Paulo para se apresentar com a viola de cordas para Orquestra Filarmônica – Foto: Leo Munhoz/ND

O candidato Luan Costa, 25, veio de São Paulo e se apresentou com sua viola de cordas na tarde de ontem. “Eu estudo viola há mais ou menos 12 anos e, para esse processo seletivo, há dois meses, quando saiu o edital. Estudei minuciosamente e, na hora da apresentação, tentei ficar o mais atento possível, porque abrir uma vaga em uma orquestra é uma oportunidade muito rara e não podemos deixar passar”, conta.

Os 17 selecionados serão contratados pela Ofic com remuneração mensal de R$ 10 mil. Eles devem morar na Grande Florianópolis e cumprir a carga horária mínima de trabalho prevista no edital do processo seletivo. “Estamos selecionando os melhores instrumentistas de cordas para o corpo fixo. Mas depois teremos outros músicos, que chamamos de músico volantes, de sopro, percussão, e que participarão conforme o repertório e apresentações que faremos futuramente”, destaca Moukarzel.

Sem fins lucrativos e com apresentações gratuitas

Conforme a diretoria, a nova orquestra foi estruturada com uma proposta inovadora para promover a música clássica, contemplando ações educativas, sociais, inovação tecnológica e sustentabilidade, características que acompanharão os seus concertos.

As apresentações ao público, que irão ocorrer em todas as regiões do Estado a partir de abril, serão sempre gratuitas, e os músicos do seu corpo fixo integrarão projetos com aulas de educação musical e outras atividades para estudantes. Os concertos da nova orquestra serão gravados e disponibilizados no Youtube, garantindo acesso ainda mais amplo à música clássica.

“Queremos, obviamente, músicos profissionais, com experiência orquestral, mas principalmente artistas que entendam que a música também tem uma função social, engajados com novas perspectivas musicais e abertos a ousar, estar aptos para a construção de novos caminhos e contribuir para a democratização da música de concerto”, complementa o pianista Pablo Rossi.

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