Por que praia mais poluída do Brasil é considerada própria para banho em Florianópolis?

Apesar de ser considerada própria para banho, a Praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, foi apontada como a praia mais poluída do Brasil. O estudo realizado pela ONG (Organização Não Governamental) Sea Shepherd Brasil analisa a concentração de plásticos no litoral brasileiro.

As características da Praia do Pântano do Sul podem contribuir para o acúmulo de microplásticos e o título de praia mais poluída do Brasil. Uma hipótese é de que as correntes marítimas levem os resíduos até o local.

“Pode ser que as características da Praia do Pântano do Sul tragam essa condição. É uma praia que recebe em cheio as correntes do Sul, mas não é possível cientificamente afirmar isso. É tudo muito novo nessa parte de microplásticos e plásticos”, pondera Diego Hemkemeier Silva, diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina).

O relatório intitulado “Expedição Ondas Limpas” foi divulgado na última quinta-feira (19). A pesquisa contou com 16 meses de expedição, cobrindo mais de 7.000 km da costa e 306 praias. As análises constataram a presença microplásticos em 97% das praias brasileiras.

Por que praia mais poluída do Brasil é apontada como própria para banho?

A Praia do Pântano do Sul, na capital catarinense, teve a maior concentração de plásticos de todo o país. Em média, o local tem 17 resíduos e 144 microplásticos por metro quadrado. O critério para nomear a praia mais poluída do Brasil foi a densidade de resíduos por área.

O estudo analisou quatro praias de Florianópolis:

• Praia do Rizzo: 1,5 resíduos/m² e 78 microplásticos/m²
• Praia do Santinho: 0,3 resíduos/m² e 8 microplásticos/m²
• Praia do Campeche: 0,3 resíduos/m² e 6 microplásticos/m²
• Praia do Pântano do Sul: 17 resíduos/m² e 144 microplásticos/m²

Apontada como a praia mais poluída do Brasil, o Pântano do Sul é considerado próprio para banho pelo monitoramento de balneabilidade do IMA. Isso porque os critérios do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) para condições de banho não levam em conta a presença de plásticos, e sim de bactérias e coliformes fecais.

“Em relação à balneabilidade, nós seguimos a resolução do Conama, que é a legislação vigente, para indicar o que é próprio e impróprio para banho, especificamente para a questão sanitária, pelo que de imediato afeta a saúde da população”, explica o diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva.

“Não se tem legislação relacionada à questão dos microplásticos, não se sabe se é realmente nocivo à saúde aquela quantidade ali e se é realmente nocivo ao ambiente. É um estudo prévio, preliminar, que indica que a gente talvez precise começar a analisar essas questões. Mas em relação à balneabilidade, a gente segue uma resolução que preconiza a OMS e a legislação brasileira”, completa.

O IMA coleta amostras da água do mar a até um metro de profundidade, sendo 100 mililitros em cada ponto de análise. O material é submetido a exames bacteriológicos durante 18 horas. A última coleta na Praia do Pântano do Sul foi feita em 27 de agosto e o resultado foi “própria para banho”.

As análises levam em conta as condições de maré, incidência de chuva nas últimas 24h no local e a temperatura da amostra e do ar no momento da coleta. Ao fim, é atribuído um dos dois resultados:

• Água própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli (bactéria encontrada nas fezes, que chega através do esgoto na praia) por 100 mililitros de análise;
• Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.