Funcionário da coleta de lixo em Blumenau reclama de demissões após manifestações

Na última semana, os funcionários da coleta de lixo em Blumenau, no Vale do Itajaí, iniciaram manifestações contra a Racli, prestadora do serviço na cidade. Na terça-feira (17), ocorreu uma reunião entre a empresa e o Sinteplu (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Privadas de Limpeza Urbana e Afins).

No encontro, os representantes dos trabalhadores apresentaram algumas reivindicações, como a manutenção da frota de caminhões utilizados na coleta, aumento salarial e do vale alimentação, entrega de mais EPIs, entre outros.

O sindicato entregou um documento oficial para a empresa, informando que caso as reinvenções não sejam avaliadas no prazo de 72 horas, os funcionários irão paralisar os serviços no município. O prazo estipulado termina no sábado (21).

Reinvindicações dos trabalhadores apresentadas em reunião

• Manutenção dos caminhões e melhoria nos caminhões da frota;
• 3 pares de luvas na semana (trabalhadores informam receber apenas 2 pares);
• 2 pares de sapatão para cada colaborador (trabalhadores informam receber apenas um par a cada seis meses);
• Atender NR38 (banheiros, pontos de apoio, giroflex em cima da cabine do caminhão e câmeras funcionando);
• Rever valor do vale alimentação.

A empresa alega fornecer Equipamentos de Proteção Individual e uniformes dentro das especificações técnicas para a atividade e de forma gratuita a todos colaboradores, com trocas dentro das periodicidades ou necessidades conforme determinado pela NR-38 (Segurança e Saúde no Trabalho nas Atividades de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos).

Sobre os caminhões de coleta, a Racli informa que as manutenções são realizadas regularmente, com funcionários destinados exclusivamente para as inspeções diárias nos veículos.

Trabalhador alega que foi demitido por se manifestar

Na manhã desta quinta-feira (19), jornalista Rodrigo Vieira, da NDTV, conversou com um dos funcionários da empresa prestadora de serviço. Bruno Kauan dos Santos Bruno alega ter sido demitido como represália, por ter participado das manifestações recentes.

“Nunca faltei sem nenhuma justificativa em nove meses, não tem motivo para mandar embora. Tudo o que a gente falou não é mentira, tem vídeo comprovando, a gente esta atrás de melhorias, segurança, saúde. Nem plano de saúde a gente tem, estamos lutando para conseguir”, disse.

Sobre a demissão, o trabalhador afirma que foi surpreendido ao ser desligado da empresa. “É de deixar o cara triste. A gente está trabalhando pela melhora da cidade, procurando melhoria na empresa, porque a empresa sabe que não estamos errados e pegam e mandam embora?”.

Bruno disse ainda que os funcionários temem perderem seus empregos, algo que já teria ocorrido com outros colaboradores desde o início das manifestações.

Em nota, a empresa informou que seus procedimentos de admissão e demissão “seguem sempre os preceitos legais, prezando sempre pela qualidade e segurança dos serviços, que são pontos fundamentais da sua gestão em todas as cidades onde atua”.

Funcionários da coleta de lixo reclamam de falta de manutenção em caminhões

O motorista Anderson Prade disse em entrevista à NDTV no início da semana que algumas das solicitações apresentadas já são antigas. A principal, seria a falta de manutenção nos caminhões.

De acordo com ele, o caminhão envolvido na morte de um funcionário na semana passada já vinha apresentando problemas, que não teriam sido solucionados.

Registros mostram situação dos caminhões – Vídeo: Arquivo pessoal/Reprodução ND

Há quase quatro anos na empresa, ele alega que as reivindicações eram feitas para a chefia sempre que o veículo apresentava algum problema, por meio de RD (Registro Diário) ou falado pessoalmente.

“Para nós, a empresa diz que é feito, mas no outro dia está lá, o mesmo problema, que pode permanecer até piorar ou acontecer algo mais grave”, afirmou.

“O incidente recentemente foi o óbito do nosso colega Ezequiel, onde caminhão veio a colidir com o barranco onde ele tentou saltar, pois o caminhão começou a voltar de ré”, disse.

Vídeos registrados por funcionários mostram incidentes envolvendo os veículos – Vídeo: Arquivo pessoal/Reprodução ND

Em nota ao portal ND Mais, a empresa diz que os caminhões passam por manutenção periódica, com oficina própria especializada, em que todos os veículos possuem boletins diários, onde as equipes registram dados dos serviços realizados e quaisquer anormalidades dos equipamentos, “seguindo rigorosos padrões de qualidade sendo auditados pelas normas ISO 9001 e 14001 acompanhado por sua equipe técnica especializada”.

Na época do acidente envolvendo o trabalhador que foi esmagado pelo caminhão da coleta de lixo, o Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto) de Blumenau, responsável pelo serviço público que contrata a empresa especializada, informou que o caminhão está com a documentação em dia e passou pela vistoria periódica da equipe da gerência de resíduos no dia 4 de setembro, atestado para prestar os serviços de coleta de lixo na cidade.

“O Samae preza pela segurança dos trabalhadores. Por isso, lamenta o fato, se solidariza com os familiares do trabalhador que faleceu e informa que está cobrando da empresa o devido suporte necessário neste momento”, disse.