A professora que veio de longe

Ela nasceu em Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Criança, foi para Chapecó com seus pais, migrantes da geração de desbravadores da capital do Oeste catarinense. Aos 20 anos, chegou em Brusque para ser professora nas escolas Oswaldo Reis e Dom João Becker e lecionar para as crianças do primeiro ano do curso primário.

Como toda boa professora das primeiras lições, ensinou o Beabá com a extrema dedicação capaz de transformar mentes infantis, vivendo na escuridão das letras e dos números, em inteligências alfabetizadas para continuar o caminho da necessária formação educacional. Seu exemplar magistério, praticado com o carinho que encantava, inspirou aquelas crianças, hoje exercendo as mais diversas profissões com a dignidade de quem recebeu os bons ensinamentos fundamentais.

Por isso, os reencontros com seus ex-alunos têm sido marcados por sinceras manifestações de carinho e recordações vivenciadas nas salas de aula e nos corredores das duas escolas estaduais de nossa cidade.

Seu reconhecido desempenho no magistério, seguramente, foi a razão maior do convite feito pelo prefeito José Celso Bonatelli para dirigir o então Departamento de Educação. Tempo de uma administração comprometida com a austeridade fiscal, o Departamento cuidava ainda da saúde, do turismo, do esporte e da assistência social. Foram seis anos de profícua administração no campo da educação municipal, hoje testemunhado por professores e pais que vivenciaram e participaram daquele momento que marcou a história do ensino fundamental brusquense.

Seu trabalho de excelência na área da administração educacional, continuou por mais dois anos, quando então dirigiu a antiga Unidade de Coordenação Regional da Educação — UCRE — com jurisdição sobre as escolas estaduais das regiões dos Vales do Itajaí-Mirim e do Tijucas.

Uma boa professora não pode ficar alheia às coisas da comunidade em que vive. Assim, foi ela uma das fundadoras do Clube Soroptimista de Brusque, que tantas boas ações sociais e culturais promoveu em favor da nossa comunidade. Uma das mais significativas foi a construção da Creche Bom Samaritano, que chegou a acolher gratuitamente uma centena de crianças e que, durante mais de 20 anos, foi uma referência em bem cuidar de suas crianças, até que todo o seu patrimônio foi doado ao Município de Brusque.

Toda essa intensa atividade profissional e comunitária, realizada sem se descuidar da família, foi reconhecida pela Câmara Municipal para lhe conferir, merecidamente, o título de Cidadã Honorária de Brusque.

Estou escrevendo sobre a professora Ana Maria Soprana Leal que, hoje, completa mais um aniversário. A ela, dedico esta minha crônica escrita com as tintas do amor que lhe devoto e inspirada na sua exemplar história de vida profissional, comunitária e familiar.

 

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