Caminhão incendiado causou prejuízo de R$ 750 mil à terceirizada da Prefeitura de Florianópolis

O veículo utilizado por dois homens que perseguiram e atearam fogo num caminhão de coleta de lixo da empresa terceirizada FG Soluções Ambientais, na terça-feira (12), pertence a uma locadora e foi alugado em nome de uma diretora do Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis), segundo a PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina).

25 litros de gasolina foram usados para atear fogo no veículo – Foto: Reprodução/CBMSC/ND

A Polícia Civil e a inteligência da PM identificaram o carro e, com imagens de câmeras, a placa do veículo. Depois, pelo GPS do próprio automóvel, foi constatado que o veículo fez o trajeto do caminhão incendiado e estava no mesmo local na hora do crime.

A investigação agora busca verificar se os sindicalistas que pegaram o carro na locadora estavam no veículo no momento do atentado. Encapuzados e armados, dois criminosos renderam os trabalhadores da terceirizada, expulsaram a equipe do veículo e atearam fogo no caminhão, trazendo um prejuízo estimado em R$ 750 mil para a empresa.

“Seja quem for, precisa estar preso. Foi um ato de terrorismo contra trabalhadores. Se for comprovada a autoria do sindicato, vamos até as últimas consequências”, disse o prefeito de Florianópolis Topázio Neto (PSD). Em vídeo publicado na internet, o presidente do sindicato, Renê Munaro, nega envolvimento dos diretores da entidade com o crime.

A empresa FG, dona do caminhão, enviou uma nota à reportagem resumindo o fato e ressaltando que os criminosos ameaçaram repetir a conduta em outros veículos da frota. “Após o ocorrido, tomamos as medidas cabíveis a fim de registrar o fato e buscar sua plena apuração pelas autoridades competentes”.

A ocorrência foi atendida por equipes do 21º Batalhão de Polícia Militar, após serem acionados pela Copom (Central de Operações da Polícia Militar). O episódio ocorreu por volta das 23h, na avenida dos Dourados, no bairro Jurerê Internacional. Quando a PM chegou ao local, as equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina realizavam o trabalho de rescaldo no caminhão da empresa terceirizada.

Segundo os funcionários da FG, depois de atear fogo no veículo, os dois homens fugiram. As Polícias Civil e Científica foram acionadas para a investigação. Na Polícia Civil, quem cuida do caso é o delegado Verdi Furlanetto. Conforme a assessoria, a polícia está trabalhando no caso com muita determinação, mas não pode adiantar nada para não atrapalhar as investigações.

O Sintrasem é o sindicato que deflagrou, na terça, mais uma greve na Capital, mobilizando servidores municipais da educação, saúde e da limpeza urbana na cidade. Na noite de quarta-feira (13), o desembargador Odson Cardoso Filho, do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), deferiu o pedido da prefeitura reconhecendo a ilegalidade e abusividade da greve. De 2021 a 2023, o sindicato mobilizou seis greves e todas foram consideradas ilegais pela Justiça, assim como a deste ano. Na decisão, determinou retorno às atividades em 24 horas, ou seja, desde as 23h de ontem.

Coleta de lixo foi afetada por greve de servidores em Florianópolis, diz prefeitura – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Limpeza urbana demandou quase R$ 50 mil em dois dias

Além do impacto nas escolas, creches e postos de saúde, a greve ilegal traz prejuízos aos cofres públicos com a contratação das empresas terceirizadas para coleta de lixo. Para efeito de comparação, entre os dias 5 e 6, antes da greve, foram coletados 504.850 quilogramas de resíduos nas regiões atendidas pela Comcap (Autarquia de Melhoramentos da Capital). Entre 12 e 13, nos dois primeiros dias de paralisação, na mesma região que deveria ser atendida pela Comcap, onde passaram a operar rotas em caráter emergencial com empresa terceirizada, foram coletados 235.670 quilogramas. O custo total do serviço realizado nesses dois dias foi de R$48.920,37, com pagamento feito por tonelada de resíduos coletada.

Conforme o prefeito Topázio Neto, isso corresponde a um terço do que precisava ser feito e, a partir de hoje, caso a greve persista, as terceirizadas farão 100% do serviço e o custo diário vai se aproximar de R$ 65 mil.

Negociações

Ontem à tarde foi realizada uma nova reunião com representantes do sindicato e da prefeitura. Pelo município, o presidente do Instituto de Previdência, Luís Giannini, a secretária de Administração, Katherine Schreiner, e a secretária da Fazenda, Michele Roncálio, apresentaram números. “Hoje, se houver reunião, encerramos a apresentação financeira, e devemos apresentar uma proposta no início da semana que vem e, até terça-feira (19), quarta-feira (20), devem fazer assembleia para aprovar ou não a proposta”, disse a secretária Katherine.

Segundo ela, das 48 demandas do sindicato, algumas são viáveis e outras não. Uma delas, por exemplo, é que o município pague perdas históricas dos servidores, desde 1987, o que seria insustentável. Por outro lado, o pedido principal é reajuste da inflação e aumento no vale-refeição. “Combinamos que vamos fazer a impactação financeira e, a partir daí, veremos até onde o município pode ir”, declarou Katherine.

Para o prefeito de Florianópolis, uma greve deflagrada antes da abertura da mesa de negociações não tem outro objetivo senão político, em especial por ser ano eleitoral. “É importante deixar claro meu agradecimento e reconhecimento com a grande maioria dos servidores públicos que estão trabalhando. Nossa saúde está com mais de 80% trabalhando, a educação tem 60%. O servidor entendeu que o objetivo do sindicato, muito longe de defender a categoria, é fazer política”.

 

 

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