Tatiana Sá, uma pioneira que puxou a fila das chefes-gerais na Embrapa

Ronaldo Rosa_Embrapa

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Tatiana Sá, aos 75 anos, ainda está na ativa e em projetos de peso na Embrapa

A engenheira agrônoma e doutora em biologia vegetal Tatiana Deane de Abreu Sá fará 75 anos no próximo dia 24 de setembro e é um dos nomes escritos na história dos 50 anos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Mas ledo engano, por já ter cumprido seu tempo de trabalho, querer encontrá-la em casa, no retiro de uma aposentadoria. No dia da entrevista para esta reportagem, a conversa precisou ser interrompida em vários momentos por causa da qualidade da ligação telefônica entre São Paulo, onde está a sede da Forbes, e o Equador. A pesquisadora estava no interior desse país em um evento sobre agroecologia, dando palestra para grupos indígenas e instituições equatorianas que estão trabalhando em turismo “comunitário”.

“Minha atividade no Equador foi de contribuir à avaliação, reflexão sobre as atividades de um projeto de cooperação entre instituições de ensino superior do Brasil, o IFPA campus Castanhal (PA), a UFRA, de Paragominas e Universidade Federal do Amapá, a universidades Francesa (Le Mans) e espanhola (Alicante), com recursos da União Europeia”, diz ela.

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Tatiana está há 52 anos na ativa, a serviço da Embrapa. Foi contratada em 1972 para os quadros do IPEAN (Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Norte), criado nos anos 1960 e depois viria a ser uma unidade da Embrapa. A instituição só nasceria um ano depois, mas as contratações formais de pesquisadores se deram a partir de 1974. “Diziam na época que estava nascendo um negócio que não ia dar certo”, lembra Tatiana, que até hoje faz parte do grupo de doutores da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), capital onde no próximo ano ocorre a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas).

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Tatiana foi chefe-geral dessa unidade lá em 2005 – a primeira e única até hoje –  e é a prova viva no mergulho de uma história, na época, desconhecida. “Era sim, tudo muito desconhecido. Fui mandada na marra para fora do país, para estudar”. No início da Embrapa, o governo brasileiro despachou para todo o mundo cerca de 2.500 pesquisadores com a missão de estudarem o que havia de mais moderno e tropicalizar as tecnologias. Tatiana ficou seus dois anos de mestrado nos EUA, na Utah State University, no final dos anos 1970, e depois um doutorado na Unicamp, em Campinas (SP), na área de ecofisiologia. Tornou-se uma referência em pesquisa, ensino e extensão, estando até os dias atuais envolvida na pós-graduação em mestrado e doutorado em agriculturas familiares amazônicas na Universidade Federal do Pará.

Questionada sobre o motivo de continuar na ativa, ela dispara: “O investimento da Embrapa em mim foi muito alto e preciso retribuir”. Claro, todo mundo na instituição sabe que Tatiana já tem crédito suficiente, mas sua presença é fundamental pela carga de conhecimento e experiência. É uma espécie de repositório da genialidade de uma geração de doutores que fizeram da Embrapa o que ela é hoje. “Mas minha função hoje não é tão técnica. O que faço é trazer recursos e mobilizar redes de conhecimento”, afirma Tatiana. “Somos um exército de Brancaleone, abrindo caminhos e seguindo em frente”, se referindo aos parcos recursos destinados à pesquisa no Brasil. O orçamento da Embrapa em 2023 foi de R$ 3,6 bilhões, sendo que cerca de 80% comprometidos com despesas ordinárias.

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Para as atividades atuais, no entanto, a alma da pesquisadora Tatiana faz uma observação ao lembrar que isso é um trabalho no tempo. “Nos últimos 5 anos tenho evitado apresentar propostas, porque as pesquisas são de longo prazo e isso deve ficar com as pessoas que estarão no longo prazo na empresa.”

Mas quem quiser encontrá-la no trabalho o caminho é muito fácil. Quando não está pelo mundo, Tatiana pode estar em algum evento da Rede Quirera, que nasceu para apoiar a agricultura familiar, ministrando cursos para jovens agricultores, como por exemplo sobre a construção da agroindústria, as farinhas alimentares e suas misturas – com um projeto dela em andamento no CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) – ou dando aulas sobre agrofloresta na floresta Amazônia, nos cursos de mestrado e doutorado.

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, para o qual a Forbes tem feito uma série de reportagens desde o início do mês, confira a seguir quem são as atuais chefes-gerais da Embrapa. Entre as 42 unidades espalhadas pelo Brasil, 12 têm doutoras em seu comando:

 

 

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