Vírus gigantes: descoberta no degelo da Groenlândia e seu impacto no meio ambiente

Vírus gigantes recém-descobertos no Ártico podem estar contribuindo para a saúde do planeta. Cientistas identificaram que esses vírus, dezenas de vezes maiores que a maioria dos micro-organismos, impedem que algas proliferem descontroladamente em áreas de degelo na Groenlândia.

A proliferação de algas na neve derretida aumenta a absorção de radiação solar e acelera o derretimento das camadas de gelo.

Vírus gigantes desaceleram derretimento do gelo

Vírus gigantes são encontrados no degelo da Groenlândia – Foto: Divulgação/ND

O que são vírus gigantes?

Vírus gigantes são uma classe de vírus caracterizados por seu grande tamanho físico e genômico, significativamente maior do que a maioria dos vírus conhecidos. Segundo o estudo, os vírus são inofensivos para seres humanos.

Ainda de acordo com o estudo realizado, esses vírus medem aproximadamente 2,5 micrômetros. Para comparação, vírus comuns têm entre 20 e 200 nanômetros – 1 nanômetro é igual a 0,001 micrômetro-, enquanto as bactérias geralmente medem entre 2 e 3 micrômetros.

Vista microscópica de vírus gigantes encontrados na Groelândia

Vírus gigantes são considerados maiores do que os comuns – Foto: Divulgação/ND

A primeira descoberta de um vírus gigante aconteceu em 2003, quando o Mimivirus foi isolado de uma ameba em uma amostra de água de resfriamento de uma torre de uma fábrica na Inglaterra.

Pesquisas subsequentes mostraram que esses vírus são abundantes em diversos ambientes, como água do mar, solos e até no gelo. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais, influenciando populações de microrganismos.

Descoberta recente no degelo da Groenlândia

Em um artigo publicado na revista científica Microbiome, do grupo Nature, a líder do estudo, Laura Perini e seus colegas, da Universidade Aarhus, na Dinamarca, detalham a descoberta e explicam o motivo dos vírus gigantes serem benéficos na redução do degelo na Groenlândia.

Laura explicou que, sem os vírus gigantes, as algas proliferariam sem controle na neve derretida e na água do degelo, criando uma superfície escura que absorve mais radiação solar, acelerando o derretimento num ciclo vicioso. Esse problema já ocorre, mas seria maior sem a presença dos vírus.

Os vírus do gelo pertencem a várias espécies da ordem Nucleocytoviricota. Embora sejam grandes para vírus, ainda são aproximadamente 100 vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo humano.

A descoberta é considerada promissora por cientistas, já que sugere que os vírus gigantes podem desempenhar um papel importante no equilíbrio ambiental em regiões geladas.

Impacto dos vírus gigantes nas microalgas

As algas que eles infectam incluem pelo menos cinco espécies: Chloromonas spp., Chlamydomonas spp., Ancylonema alaskanum e Ancylonema nordenskioeldii.

Essas algas, exclusivas da neve e do gelo, são abundantes e sua proliferação diminui o reflexão de radiação do gelo e da neve, acelerando o derretimento.

Microalgas espalhadas e contribuindo para o derretimento do gelo

Microalgas aceleram derretimento do gelo – Foto: Divulgação/ND

O impacto desses vírus nas microalgas pode ser resumido em vários pontos-chave, entre eles:

  • Os vírus gigantes infectam microalgas específicas, levando à quebra da célula e à morte das algas;
  • Os vírus gigantes desempenham um papel crucial na regulação das populações de microalgas, mantendo um equilíbrio ecológico. Esse equilíbrio é importante para a saúde dos ecossistemas árticos e antárticos, onde as microalgas são componentes essenciais;
  • A morte das microalgas libera nutrientes no ambiente, que podem ser reutilizados por outros organismos;
  • Manter a reflexação da luz solar elevada e reduzir o derretimento do gelo contribui para a estabilidade climática a longo prazo.

Outros vírus encontrados no degelo

Além dos vírus gigantes, o degelo em regiões como a Groenlândia e a Sibéria tem revelado uma diversidade de outros vírus que estavam adormecidos há anos.

Os chamados “vírus zumbis” são vírus antigos que foram preservados em estados congelados. A maioria desses vírus infecta amebas, organismos unicelulares que são abundantes em muitos ambientes.

Visão microscópica de vírus-zumbi

Descongelamento de “vírus-zumbis” podem trazer riscos – Foto: Divulgação/ND

Entre os vírus descobertos, estão o vírus da varíola e o da gripe espanhola, o que alerta para potenciais riscos ao descongelamento dessas espécies.

Além do possível ressurgimento de doenças extintas, estão também entre os principais riscos a introdução de novas doenças, impacto na saúde pública e grande impacto ecológico.

 

 

 

 

 

 

 

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