Escolas Cívico-Militares: professor faz outra análise

Do advogado e professor André Henrique Pavan, sobre o funcionamento das Escolas Cívico-Militares, via e-mail:

“Vi seu post sobre as escolas militares e gostaria de apresentar a minha posição.

Não falo pelas “esquerdas” porque ninguém seria capaz, afinal, diferentemente de uma organização militar, no nosso caso temos direito a posições diferentes.  Essa, aliás, é a principal diferença que tenho e que certamente compartilho com colegas de esquerda. Nós acreditamos numa educação libertadora, no sentido de que cada um pode pensar o que quiser. Ao contrário do que nos acusam, não acreditamos em “doutrinação”. E é exatamente isso que acontece em escolas militarizadas.

Não acreditamos em escolas de pensamento único. Não cremos que exista uma única forma de ver o mundo. Por isso, não compartilhamos da ideia de uma escola onde alguém manda e todos obedecem, sem reflexão.

Sugiro que o senhor assista a um filme chamado “Questão de Honra”, com Tom Cruise e Jack Nicholson. Ele explica bem qual é a nossa divergência com os militares.

Numa guerra ou você obedece ao comando, ou causa mortes. Não tem o direito de pensar, refletir, discordar do comando. É natural que seja assim. Essa fala, inclusive, é dita pelo general do filme.

Na vida real, porém, não é a mesma coisa. O patrão, o chefe, o superior pode estar equivocado. Pode haver uma saída melhor que a dele para um problema. Aliás, nas organizações capitalistas mais bem sucedidas há uma forte modificação nesse formato. Nelas as equipes são “times” e o líder não manda, coordena. É assim no Google e em várias outras empresas grandes… Não há sinais, horários, intervalos programados. Tudo é flexibilizado, exatamente ao contrário do que sugerem os quartéis.

Isso não significa não haver hierarquia, não existirem regras, não haver necessidade de prazos de entrega ou comprovação de produtividade. Mas o formato é outro… Não preciso estar numa fila, comer na mesma hora em que os outros comem para ser um profissional de qualidade.

Entendemos que isso pode ser desafiador a grupos que gostam de controlar tudo e todos e que usam a igreja e adorariam usar a escola para dizer o que os outros podem e não podem fazer, ser, pensar.

Enquanto eu for professor e enquanto tiver chances, defenderei uma escola livre, plural, alegre, diversa. Executo isso junto aos meus colegas há mais de 18 anos aqui em Bombinhas. Somos uma escola de referência, mesmo sem metade dos investimentos do governo.

 

Aqui o estado não fornece uniforme, não fornece material didático, muitas vezes deixa a desejar na merenda e na manutenção física. Mesmo assim, custando muito menos que os colégios militares, temos resultados muito positivos.

Aponte os custos das escolas militares, faça a relação custo/aluno e compare com as escolas estaduais e com os institutos federais. Compare números de aprovação e de notas do ENEM. Enfim, prove jornalisticamente que as escolas militares são melhores e mais eficientes que as demais.”

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