Polícia Federal prende cinco pessoas em operação contra esquema ilegal de espionagem na Abin

Cinco pessoas foram presas, preventivamente, por envolvimento no suposto esquema de espionagem ilegal na estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A ofensiva foi desencadeada pela Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (11).

Polícia Federal prende cinco pessoas por suposto esquema de espionagem na Abin

Polícia Federal prende cinco pessoas por suposto esquema de espionagem na Abin – Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil/ Reprodução/ ND

Além dos pedidos de prisão preventiva, também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, nas cidades de Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP), além do Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O que diz a Polícia Federal

Segundo a investigação, os alvos da ofensiva faziam parte de uma organização criminosa que realizava o monitoramento ilegal de autoridades públicas. Segundo a Polícia Federal, o grupo também utilizava os sistemas da Abin para produzir notícias falsas.

O inquérito também aponta que a organização criminosa acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para fazer a espionagem. Perfis falsos também teriam sido criados pelos integrantes do suposto esquema.

“Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, afirmou a corporação, por meio de nota.

Os envolvidos são investigados por organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Como funcionava o esquema de espionagem na Abin

O uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados, começou a ser investigado em 2023. Conforme a investigação, o software FirstMile permitia o monitoramento de milhares de pessoas e, em dois anos e meio, mais de 60 mil acessos teriam sido feitos a ele.

Segundo a Polícia Federal, bastava digitar o número do celular da pessoa a ser monitorada para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos.

Entre os indivíduos monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Outras fases da operação

A operação Última Milha, da Polícia Federal, investiga o suposto uso ilegal da estrutura da Abin para espionagem ilegal de adversários políticos da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O esquema teria funcionado na gestão do ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.

No dia 30 de janeiro deste ano, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos:

  • Rio de Janeiro (RJ) — 5 mandados;
  • Angra dos Reis (RJ), onde estava a família, incluindo Jair Bolsonaro — 1 mandado;
  • Brasília (DF) — 1 mandado;
  • Formosa (GO) — 1 mandado;
  • Salvador (BA) — 1 mandado.

As mensagens obtidas pela Polícia Federal apontam que “o núcleo político [do esquema] possivelmente se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas”.

Em 25 de janeiro deste ano, endereços ligados a Ramagem foram alvos de busca e apreensão. Na data, os agentes estiveram no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados e no aparamento funcional dele, ambos em Brasília.

À época, as investigações apontaram indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin, mesmo após ter deixado o comando da instituição.

*Com informações do R7.

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