É falso que vídeo de homem beijando criança tenha sido filmado no Marajó

Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem em que aparece beijando uma criança na boca durante um passeio de barco. Apesar de estar sendo compartilhado como um registro recente feito no Arquipélago do Marajó, no Pará, o caso aconteceu em novembro de 2021, em Mato Grosso do Sul.

Foto borrada com selo de "fake" para desmentir vídeo compartilhado como sendo de homem beijando criança no Marajó

Vídeo viralizou nas redes sociais com mensagens falsas relacionando a gravação ao arquipélago no Pará – Foto: Reprodução/ND

A informação é falsa. O homem, de 41 anos, filmado beijando a criança foi identificado e chegou a prestar depoimentos à polícia na época, mas foi executado a tiros dentro da própria casa horas depois, segundo portal R7 (aqui) e o site local Campo Grande News (aqui), que noticiaram o caso à época.

Por que Marajó veio à tona

O vídeo foi compartilhado fora de contexto e associado à exploração sexual infantil no Arquipélago do Marajó, que veio à tona depois que uma cantora gospel paraense se apresentou na final de um reality show com uma música que falava sobre a região de onde ela é natural.

O vídeo começou a ser republicado por pessoas famosas e levantou o debate sobre as problemáticas sociais e ambientais na região, como a exploração sexual infantil, mas foi acusado por ativistas e ONGs locais como informação “não verdadeira”.

A organização Observatório do Marajó publicou nota oficial sobre o assunto, explicando que “redes criminosas de exploração sexual de crianças e adolescentes” existem na localidade, “na Amazônia e em todas as regiões do país”.

Segundo o observatório, os grupos criminosos se disfarçam para “manipular a atenção das pessoas” para seguir “agindo e operando seus crimes”.

Governo precisou desmentir boato sobre cancelamento de ações no Marajó

Após a repercussão, o Governo Federal precisou desmentir informações falsas que circulavam afirmando um suposto cancelamento de ações e projetos oficiais voltados para o Marajó.

Segundo o MDH (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), apenas o antigo programa conhecido como “Abrace o Marajó” foi cancelado, após denúncias apontarem problemas na iniciativa.

Em publicação no site oficial, o Ministério afirma que um relatório da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados, em 2021, mostrou que “o programa foi utilizado para a exploração de riquezas naturais e para atender a interesses estrangeiros, sem benefício à população”. Veja o posicionamento:

“É falsa a informação de que o governo federal cancelou as ações, políticas e projetos voltados ao Marajó.

Em maio de 2023, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou o Programa Cidadania Marajó, um novo marco em políticas públicas para a região.

O antigo programa, intitulado “Abrace o Marajó”, alvo de críticas e denúncias, esse, sim, foi revogado.

Isso porque o governo federal tem as crianças e adolescentes como prioridade absoluta, e parte da premissa de que, para garantir direitos, cidadania e mudar, de fato, a realidade das pessoas, é preciso dar voz à população marajoara e apresentar políticas robustas e eficazes.

É preciso inverter lógica assistencialista e modos de vida da população do Marajó. Possuímos o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual.

Essa retórica, que visava apenas à estigmatização do povo marajoara, foi justamente o motivo que fez com que o programa anterior fosse descontinuado, sem nenhuma entrega ou ação concreta”, diz a publicação do MDH.

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