‘Pênis que absorve traumas’: terapeuta é condenado a pagar R$ 1,5 milhão por abuso sexual

Após longa batalha na justiça britânica, uma mulher conseguiu uma indenização de 217 mil libras esterlinas (cerca de R$ 1,5 milhão). Ela alega que um terapeuta abusou sexualmente dela, afirmando que possuía um “pênis que absorve traumas”.

ella janneh celebra indenização de R$ 1,5 milhão por abuso sexual

Ella Janneh ganhou o caso na justiça após 8 anos de batalha contra terapeuta que abusou sexualmente dela – Foto: Reprodução/PA Media

Ella Janneh, 37, relatou que procurou o terapeuta sexual Michael Lousada em agosto de 2016 para tratar de ataques de pânico que tinha durante suas relações. Durante a sessão de tratamento, ela disse que o terapeuta abusou dela e a penetrou sem seu consentimento.

Relato sobre o abuso

Ella Janneh procurou Lousada em 2016 para realizar uma sessão de “trabalho corporal”, que a ajudaria a superar seus traumas. Ela alega que, nessa sessão, o terapeuta aproveitou-se de suas fragilidades para penetrá-la.

A mulher relata que teve um novo um ataque de pânico durante a consulta, ficando incapaz de se comunicar e, consequentemente, incapaz de consentir com qualquer relação sexual.

Ela ainda diz que, durante o ato, o terapeuta afirmava ter um “pênis que absorve traumas” para justificar a penetração.

Ela procurou Polícia Metropolitana de Londres no dia seguinte, e, desde então, vinha travando uma batalha na justiça contra o terapeuta.

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Michael Lousada afirmou ter um “pênis que absorve traumas”, segundo mulher que sofreu abuso – Foto: Reprodução/Durex UK/YouTube

Defesa não nega que houve relação sexual

Apesar de Lousada ter negado as acusações, o argumento apresentado pela defesa do terapeuta confirmam que ele penetrou a vítima, mas sem o intuito de ter relações sexuais.

“O seu objetivo não era ter relações sexuais, mas sim acomodar o desejo do requerente de trabalhar com penetração. A sessão era sobre libertação de energia”, disse o advogado de Lousada durante o julgamento.

Ele ainda continuou a defesa alegando que o terapeuta prosseguiu lenta e cuidadosamente com a sessão de tratamento, pedindo consentimento claro e verbal em cada etapa do processo de tratamento.

“Embora as atitudes do réu possam não estar alinhadas com as normas sociais, o seu trabalho é uma atividade legítima”, completou a defesa.

Terapeuta não foi julgado criminalmente

A decisão da justiça britânica é que é mais provável que Ella Janneh tenha sofrido abuso. No entanto, a denúncia foi feita na esfera civil. No entendimento jurídico britânico, os casos civis e os casos criminais exigem diferentes padrões de prova.

Enquanto os processos civis podem ser julgados com base no “equilíbrio de probabilidades” (como no caso de Janneh), os casos criminais exigem o mais elevado padrão de “além da dúvida razoável”.

Para levar Lousada à esfera criminal, é preciso que a vítima apresente provas concretas de que não deu consentimento à atividade sexual, ao invés de apenas o argumento em relação à falta de consentimento.

A representante de Janneh na corte disse que não há como provar perante o tribunal de que a mulher não havia consentido, mas que não há quaisquer benefícios para uma vítima de trauma lutar pelo caso. Janneh não revelou se pretende entrar com um processo criminal.

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