A limonada de Guidi azedou a festa do PSD para Arleu em Criciúma

A gente usa muito a expressão “fazer do limão uma limonada” para quem vira o jogo em momentos difíceis. Mas, pensando bem, pegar um limão, cortar, espremer em água e dar uma adoçada não é nenhuma grande alquimia. O que fez ontem à noite o deputado federal Ricardo Guidi em sua cruzada para ser candidato a prefeito de Cricíuma pelo PSD foi bem mais que isso.

Guidi fez do melão uma limonada.

O PSD está realizando uma uma série de eventos de caráter estadual nas principais cidades de Santa Catarina. Leva seu primeiro time de políticos – deputados federais, deputados estaduais, prefeitos das maiores cidades, articuladores – e joga luz naquele que é o ungido, a grande aposta pessedista para o município.

Ontem à noite era a vez de Criciúma, a terra do deputado estadual Júlio Garcia e do ex-tucano Clésio Salvaro. O ungido do PSD local está escolhido há meses, o vereador licenciado e secretário municipal Arleu da Silveira (ex-PSDB), que se filiou no ato.

Mesmo com a decisão já tomada e expressada por Júlio Garcia e pelo prefeito Clésio Salvaro, extremamente popular na cidade, de que o candidato será Arleu, Ricardo Guidi insiste em tentar a disputa pelo PSD. Teme ficar sujeito à perda de mandato de deputado federal caso aceite os convites que já recebeu de PL, PP e MDB para concorrer por outra legenda.

Guidi fez suspense sobre a ida a festa alheia, mesmo sendo ainda o presidente municipal da sigla. Pois chegou com charanga, material de pré-campanha e discurso de pré-candidato. Falou antes – o protocolo jogou quem seria mais importante para o final do evento – e disse com todas as letras e para ouvidos menos cansados que é pré-candidato a prefeito pelo PSD.

A festa não era mais (só) de Arleu. Era um ato de partido, não de candidato. Ouviu algumas vaias que rapidamente viraram limonada também. Aliás, vaiar o adversário interno em evento partidário é uma munição que não se dá ao inimigo. Foi a chance que Guidi teve de dizer que “o PSD não era assim”, referência à filiação recente de Clésio e das novas fichas assinadas naquela mesma noite.

A protocolo da festa de Arleu seguiu com os discursos de Júlio Garcia, João Rodrigues, Clésio e do próprio Arleu. O único tão comentado quanto o de Guidi foi o do prefeito, maior liderança eleitoral da cidade, crítico ao deputado federal “por buscar apoio na Agronômica” – referência ao apoio do governador Jorginho Mello (PL). Sentiu o golpe. Ou não gostou da limonada.

Nada disso deve mudar o rumo do PSD em Criciúma, as lideranças estaduais devem garantir a candidatura de Arleu. Se Guidi já tinha argumentos para buscar a desfiliação por justa causa na Justiça Eleitoral, elas agora ganham trilha sonora – as vaias da militância de Clésio. A festa do PSD para Arleu talvez tenha sido o primeiro debate da eleição de Criciúma.

Agora, curioso ver o fleumático PSD, com aquele DNA do antigo PFL, viver um dia de MDB. São os emedebistas que reunem grandes públicos e imprensa para mostrar suas diferenças. No pefelismo, a briga é em sala fechada; o evento é só sorrisos – mesmo daqueles que perderam a disputa interna.

Talvez por isso seja tão nítido alguns desconfortos durante e pós-evento.


Foto – No palanque estadualizado do PSD em Criciúma, Ricardo Guidi num extremo, Clésio no outro. Foto: PSD-SC, Divulgação.

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