Natanael, do Avaí, fala pela primeira vez sobre morte do filho de 4 anos

O lateral-esquerdo do Avaí, Natanael falou pela primeira vez sobre a morte do filho, em uma entrevista exclusiva ao Grupo ND. João Guilherme Farias Pimenta, de 4 anos, morreu no dia 15 de julho de 2023, após se engasgar com um pedaço de chocolate, do tipo confete.

Natanael ao lado da esposa; casal falou com a reportagem do Grupo ND

Natanael ao lado da esposa; casal falou com a reportagem do Grupo ND – Foto: Isabéli Bender/NDTV

“Ele deixou um legado. Onde passava fazia a alegria de todos”, disse o atleta, emocionado.

Pouco mais de sete meses se passaram da fatalidade que abalou a vida da família do atleta. Após esse período, o jogador e a esposa Priscila Farias se sentiram confortáveis e prontos para contar a história do filho.

“Era um menino que respeitava todo mundo, era muito feliz e alegre, o sorriso sempre estampado no rosto”, relembra Natanael.

O dia 14 de julho foi um dia feliz em família para Natanael, Priscila, e os três filhos. Passaram o dia em um shopping da Capital, e na volta para casa, pararam para comprar guloseimas para as crianças, dentre elas, um pacote de confetes.

Por volta das 19h daquela sexta-feira, o casal tinha uma reunião online para tratar de negócios. Enquanto isso, João Guilherme assistia à TV, a cerca de dois metros de onde estavam os pais.

Foi a irmã mais velha que encontrou o irmão, já desacordado. “Foi uma coisa muito rápida, em menos de 10 minutos ele apagou. Não esboçou nenhum tipo de reação de tosse, ou choro para tentar nos alertar”, explicam os pais.

“Tenho para mim que ele dormiu com o chocolate na boca, e se engasgou”, acrescenta a esposa do jogador. Neste momento, Priscila pegou o filho no colo, e pediu ajuda aos vizinhos.

Natanael revê fotos do filho - Isabéli Bender/NDTV

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Natanael revê fotos do filho – Isabéli Bender/NDTV

Natanael revê fotos do filho - Isabéli Bender/NDTV

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Natanael revê fotos do filho – Isabéli Bender/NDTV

Um casal que morava ao lado, ambos aposentados mas com carreira na área médica, foram quem fizeram os primeiros movimentos para desafogar o menino. O Corpo de Bombeiros também auxiliava a família por telefone.

As manobras repassadas pelos Bombeiros, juntamente à experiência do casal aposentado, foram eficazes, e João chegou a vomitar o alimento que trancava a garganta. Mas, os momentos seguintes resultaram na morte da criança.

Cerca de 20 minutos após a ligação, ambulâncias do Corpo de Bombeiros e Samu chegaram na casa da família. Priscila conta que por 50 minutos os profissionais da saúde realizaram manobras de reanimação.

“A gente não conseguia mensurar tudo que aconteceu ali. Eu não poderia imaginar que isso traria a morte do meu filho”, disse a mãe de João.

A criança foi encaminhada para o Hospital Infantil Joana de Gusmão. Embora os esforços da equipe médica, João morreu no dia seguinte, 15 de julho, após uma sequência de paradas cardiorrespiratórias.

Natanael relembra o dia como um dos piores. “Mesmo passando por momentos difíceis, estamos melhorando”, conta o jogador. “É uma dor que ficará eternamente no nosso coração”, ressalta Natanael.

Apoio da torcida e colegas do Avaí a Natanael

Torcedores do Avaí realizaram uma homenagem ao lateral-esquerdo Natanael em uma partida de futebol, dias após a perda do filho, com faixas e cartazes. Apesar de na época o jogador estar afastado dos campos, acompanhou tudo.

“A torcida e todo mundo me abraçou neste momento, não somente eu, como toda a minha família. Só tenho gratidão pelo que fizeram por mim’’, afirma o atleta ao ser questionado sobre a importância do apoio da torcida, colegas do time e amigos.

Jogadores do Avaí prestaram homenagem ao jogador – Foto: Fabiano Rateke / Avaí F.C / ND

“Através da torcida, do clube, meus amigos do time, eu recebia forças. Eles me davam força lá, e eu conseguia passar para minha família aqui”, acrescenta o atleta.

“Só tenho a agradecer pelo apoio que recebemos e continuamos a receber”, finaliza.

Casos de engasgamento em Santa Catarina

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, os casos de engasgamento são mais comuns do que se pensa, e podem ocorrer em todas as fases da vida.

Esta, porém, é uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil. Em 2022, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) atendeu 495 ocorrências em crianças de 0 a 13 anos no Estado.

Já o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina realizou 546 atendimentos, em 2023, do tipo OVACE (Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho), enquanto de janeiro a 26 de fevereiro de 2024, foram 86.

No Brasil, o número de mortes por engasgamento, entre pessoas de 0 a 80 anos chegou a 2.047, e em 2024, já soma 115, de acordo com o Ministério da Saúde.

O que fazer em caso de engasgamento

É comum observar sinais indicativos que a criança ou adulto esteja engasgada, como tosse, agitação, dificuldade de respirar, lábios roxos e as mãos no pescoço, segundo indica o Cabo Ricardo Vieira dos Santos, do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar.

Quando identificado o engasgamento a primeira ação deve ser solicitar apoio do SAMU ou bombeiros.

Ricardo acrescenta que “enquanto ocorre o deslocamento da unidade móvel até o local de atendimento, algumas ações podem ser feitas para salvar a vida da outra pessoa”, como por exemplo manobras de desengasgo.

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