Dia Nacional da Coxinha: petisco está entre os preferidos dos brasileiros

A coxinha de galinha está de parabéns. Esse petisco da gastronomia brasileira tem um dia especial no calendário. Você sabia que 18 de maio é o Dia Nacional da Coxinha de Galinha? O ND foi em busca das origens, histórias e transformações desse que é o salgado preferido do Brasil.

Amarildo Elias criou com o filho uma receita especial com massa de aipim, um dos carros chefes do seu comércio no Mercado Público – Foto: Germano Rorato/ND

Existem algumas versões sobre o surgimento da coxinha de galinha e de como ela chegou ao Brasil. Mesmo com características de um item original da cultura e da mesa brasileira, a coxinha carrega em sua história algumas dúvidas internacionais. São três as mais famosas versões.

Esse item querido da culinária pode ter nascido na França. Pardon? Isso mesmo. Algumas pesquisas apontam o chef francês Antonin Carême (1784 – 1833) como o criador desse tesouro. Uma receita muito parecida com a que conhecemos atualmente foi encontrada nas anotações do chef em 1843, em Paris, dez anos após sua morte. ‘Excusez moi’??? Que traduzindo do francês para o manezes, é algo como “dá licença” e a pronúncia é mais ou menos “esquize moa”. #Informou.

A querida coxinha pode ter também raízes luso-brasileiras. A escritora Nadir Cavazin, no livro “Histórias e Receitas” (2000), aborda o tema e a história de um exigente filho da princesa Isabel que adorava carne de frango e vivia na Fazenda Morro Azul, em Limeira, interior de São Paulo. O garoto foi conquistado pelos dotes de uma cozinheira da realeza, que precisou inovar o cardápio e criou um salgado, misturando frango desfiado e massa. Seria esse o bisavô da coxinha? Um salve para a “alquimista da cozinha real”. É ouro, mandou bem demais.

Seguimos em São Paulo, década de 1920, tempos de temperos e industrialização. Os operários da região do ABC Paulista tinham muita fome, pouca grana e umas boas ideias. Com o objetivo de economizar algum dinheiro na hora do almoço, esses “empreendedores” do proletariado, resolveram desfiar um pedaço de peito de frango, envolver em massa de batata e fritar no óleo quente. O resultado ficou tão acima da média, que surgiu um comércio dessa iguaria em barraquinhas nos portões das fábricas. Dizem que, já naquela época, a fila era grande.

Difícil montar um relato 100% correto dessa encantadora de estômagos. França, Portugal ou um gol original verde-e-amarelo? A coxinha de galinha é top 3 dos lanches de rua e rangos de boteco da Grande Florianópolis. Só o pastel emparelha na “pole position” (primeiro lugar) com a coxinha.

Coxinha de Frango Goumert

Em forma de gota ou redondinha? Massa de aipim ou de batata? Recheio de costela ou linguicinha Blumenau? Com ou sem catupiry? Temos a coxinha vegana, que é um sucesso de vendas. Tem até coxinha de caranguejo e de berbigão. Era inevitável, a coxinha de galinha foi atingida pelo “raio gourmetizador” e hoje temos a coxinha gourmert nos melhores points da cidade.

Pastel X coxinha de galinha

Algumas questões na Ilha da Magia são difíceis de serem respondidas com precisão. Quem é o melhor dos gramados? Avaí ou Figueirense? Quem é mais mané: quem nasceu na maternidade Carmela Dutra ou na Carlos Corrêa? Onde estão as melhores ondas: praia da Joaquina ou Morro das Pedras? Aquela balada qualificada está no Norte da Ilha ou no Baixo Centro? Já deu para entender, né? A pergunta especial dessa matéria é: o que combina melhor com caldo de cana? O tradicional pastel ou a versátil coxinha de galinha?

O pastel está enraizado no lanche do morador de Floripa. Se o amigo ou amiga está “na corrida”, naquela caminhada cruzando o Centro da cidade, certeza que muitas vezes desenha na mente um roteiro, já pensando em passar próximo do tentador pastelzinho, da urbana coxinha e do refrescante caldo de cana.

É nesse momento que o drama tem início. O pastel “chama”, oferecendo uma quantidade considerável de opções. Tem de camarão, ovo com carne, frango, costela, calabresa, quatro queijos… Pastel com caldo de cana aqui “na área” é praticamente uma palavra só: “pastelcomcaldodecana”. Vale dizer que o pastel é, sim, o companheiro mais conhecido do caldo, mas a coxinha conquista jardas no quesito “adaptabilidade”, pois combina facilmente com tudo.

Amarildo Elias trabalha no Marcado Público há 52 anos. Nas últimas décadas, é referência em caldo de cana, pastel e coxinha, no Centro da cidade. Há mais ou menos sete anos criou com a ajuda do filho Mateus Elias uma receita especial de coxinha com massa de aipim, hoje um dos carros-chefes da casa. “Coisa boa é aqui. Quem não comeu, perdeu”, ele canta o famoso slogan antes de completar: “A receita é de família, muito saborosa e num dia de boas vendas, só de coxinhas saem umas 40. A nossa aqui é bem ‘levinha’, experimenta”.

Saudade internacional

O fã de coxinha que deixa o Brasil para viver no exterior, quase sempre consegue matar essa saudade gastronômica. Escrevi “quase sempre”, pois em muitos países você encontra a opção e pode saborear um salgado bem parecido com a coxinha brazuca.

Gustavo Dogo é um carioca-manezinho. Veio para Florianópolis ainda criança, em 1986. Hoje mora no Porto, em Portugal, e trabalha com produções audiovisuais, jornalismo e transmissões musicais e esportivas. “Gosto sim (de coxinha), principalmente quando é bem preparada, recheio temperado e a massa é de batata. Acho que essas são as melhores”.

Questionado se é fácil encontrar coxinha de galinha em território lusitano, ele diz que é algo recente. “Quando eu cheguei em 2018, não tinha muito. Antes eu encontrava em algumas poucas padarias e das congeladas no mercado. Hoje em dia tem muitas lanchonetes que já tem a coxinha e outros quitutes brasileiros para oferecer no cardápio”, revela o ex-baterista da banda manezinha Pipodélica.

O DJ e fotógrafo Rafael Kao é outro manezinho que vive atualmente na Gold Coast australiana. Vegano há mais de 20 anos, não consume a coxinha de frango, mas contou que é fácil encontrar o salgado na terra dos cangurus.

“Tem um shopping aqui ao lado de casa que vende muitos rangos brasileiros, sempre vejo que tem umas coxinhas por lá”, disse Rafael, que entre cliques fotográficos e muita música, visitou o local com exclusividade a pedido do ND.

“Fica em Burleigh Waters e o nome do lugar é Flavours on Charcoal. Tem até coxinha congelada para vender. Enquanto eu estava lá notei australianos pedindo ‘chicken coxinha’. Aproveitei e experimentei a coxinha de ricota com espinafre, muito boa”, relatou o fotógrafo, DJ e agora correspondente internacional para assuntos gastronômicos.

Nutricionalmente falando

O nutricionista e triatleta Gabriel Klauberg, pós-graduado em nutrição esportiva funcional, acostumado a trabalhar com atletas profissionais e amadores, diz que, como a coxinha é geralmente frita, isso piora seu valor nutricional. “Quando achamos versões assadas, já melhoramos significativamente a quantidade de calorias devido à diminuição da quantidade de gordura” explicou.

Uma opção são as coxinhas fitness, hoje facilmente encontradas por aí. “Nessas opções podemos ainda ter maior qualidade com o uso de farinhas integrais, menos gordura ao retirar requeijão e massa de diferentes tubérculos como batata-doce por exemplo”.

“Um bom plano alimentar te possibilita encaixar refeições livres e, assim, você pode comer coisas que tem vontade, sejam doces ou salgados. E de vez em quando uma coxinha cai muito bem”.

Na distante Austrália, na Felipe Schmidt, no Mercado Público, no Ticen, no aniversário do sobrinho, na festinha da firma ou na padaria na esquina. Tem sempre uma coxinha pronta para encantar e estabelecer uma relação que pode durar uma vida inteira. Encontre o sabor que mais combina com você e vai com calma, sem exageros, para a balança e a saúde, agradecerem no fim do dia.

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