Investi na bolsa e ações caíram. E agora, o que eu faço?

Se você dedica 9 ou 10 horas por dia ao seu trabalho para ganhar dinheiro, você pode dedicar uma hora por semana estudando investimentos

Investir em bolsa de valores sempre foi a melhor forma de multiplicar patrimônio no longo prazo, contudo, é necessário entender algumas premissas antes de começar para poder tirar o melhor proveito possível de sua estratégia de renda variável.

A volatilidade é algo inerente à renda variável, porém, toda vez que alguns papéis começam a oscilar, minhas redes sociais ficam lotadas de mensagens de investidores perguntando se devem vender os papéis em queda ou comprar mais.

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Questionamentos assim me fazem pensar se as pessoas estão investindo pelos motivos certos ou, mais do que isso, se realmente sabem o porquê de cada uma de suas escolhas de investimento, que é, no fim das contas, o mote que irá determinar a estratégia de cada carteira.

Por que você está investindo?

Certamente você investe para ganhar mais dinheiro. Esse é o motivo de todos. Contudo, é preciso ir além dessa resposta óbvia. Por que você quer ganhar mais dinheiro? “Ah, Mira, é porque eu quero ser rico”. Resposta errada, de novo.

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Por que você quer ser rico? Você precisa ir desdobrando a pergunta até encontrar o seu motivo verdadeiro, ou seja, aquilo que te faz abrir mão de parte do dinheiro presente, visando um valor a ser usado pelo seu eu do futuro.

É essa resposta que irá te ajudar a manter a disciplina dos aportes e, principalmente, escolher os ativos cujas características sejam compatíveis com seus objetivos.

Bolsa de valores é um lugar para multiplicar patrimônio

O investimento é feito para te trazer tranquilidade, e não o contrário. Se você está investindo na bolsa e isso está te tirando o sono, você está fazendo isso errado.

A questão é que boa parte dos pequenos investidores compram ações sem saber qual o ramo de negócio da empresa, para quem ela vende, quem são os concorrentes, quais os riscos e oportunidades do segmento em que atua. Enfim, não sabe nada sobre o negócio do qual se tornou sócio.

Comprar ações é basicamente adquirir cotas de participação em um negócio e, neste caso, o mínimo que você precisa fazer é saber do que se trata o negócio ao qual está se associando.

Em suma, buscar entender de que forma a empresa remunera os acionistas e como está o mercado em que ela atua, é essencial.

Essas e outras informações você consegue facilmente no site da própria empresa, ou até mesmo fazendo uma busca no Google. Não é necessário tornar-se um analista profissional. Porém, você deve tentar entender o básico sobre o negócio onde está colocando o seu dinheiro.

A ação caiu, e agora?

Quando uma ação de sua carteira estiver caindo, em vez de se desesperar e sair vendendo, a primeira pergunta deveria ser: “por qual motivo eu comprei esta ação?”

Se você sabe por que comprou, vai saber se é ou não o momento de vender. Uma vez que os fundamentos que te levaram a comprar a ação continuem existindo, a queda momentânea de preço não é motivo para preocupação.

Imagine, por exemplo, que você comprou ações de uma empresa de saneamento responsável pelo abastecimento de água de uma grande cidade. Um belo dia, a mídia noticia o afastamento de funcionários do alto escalão, envolvidos em corrupção. O mercado tende a reagir mal a notícias assim.

É quando os investidores que não tinham motivos sólidos para comprar se assustam, saem vendendo apressadamente, e o comportamento de manada derruba o preço das ações.

Neste momento, é hora de você parar e analisar: a empresa perdeu fundamentos? A metrópole cujo abastecimento de água é feito por esta empresa, deixou de existir? As pessoas vão deixar de tomar banho, beber água? As empresas vão parar de usar água em suas atividades?

Obviamente, a resposta a todas essas perguntas é não. O negócio não perdeu o fundamento por causa de uma notícia. Sendo assim, avalie se tem alguma lógica você agir com a manada. O fato de alguém estar comprando ou vendendo determinado ativo diz respeito aos objetivos daquela pessoa, e não aos seus.

Se você apenas segue o bando, você chega aonde o bando chegar, e na maioria das vezes, nem é o lugar onde você quer estar. Sua estratégia de alocação precisa atender aos seus objetivos e mais nada.

Investir bem requer metas claras

Nos investimentos, em se tratando de estratégia de carteira, não existe um padrão ou uma regra única válida para todos os investidores. Se as suas metas são individuais, a estratégia para alcançá-las também tem de ser.

Para definir a sua estratégia, o melhor a fazer é estudar. Como eu sempre digo, não é preciso se tornar um especialista em mercado financeiro, mas, é importante dedicar pelo menos uma parte do seu tempo para aprender o básico sobre o assunto.

Pensa comigo: você gasta entre 9 e 10 horas do seu dia para trabalhar e ganhar dinheiro. E você não gasta nem uma hora por semana para estudar e decidir como vai cuidar do dinheiro que ganhou? Qual a lógica disso?

A bolsa de valores é para todos

Existe uma crença de que investimentos em bolsa são um assunto para economistas, que é tudo muito complicado ou acessível apenas a quem tem muito dinheiro.

Meu conselho é: esquece tudo isso que te disseram, pois não é assim que funciona e a bolsa de valores é para todo mundo que esteja disposto a se dedicar um pouquinho e entender pelo menos os fundamentos básicos.

Quando você abre mão de gerir o seu dinheiro e deixa isso por conta da sorte, aí sim você está se jogando num risco sobre o qual não tem nenhum controle.

Investir envolve riscos, mas não investir é o maior de todos eles

Investir em renda variável tem riscos, é claro. Existem ativos mais arriscados, outros menos. Há aqueles que têm risco próximo de zero. Há, inclusive, investimentos que funcionam como proteção.

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Ao conhecer e diferenciar os tipos de investimento que existem no mercado, ficará mais simples definir quanto do seu dinheiro deve ser alocado em cada tipo de ativo, de acordo com as metas estabelecidas.

Quando você aprende a utilizar critérios objetivos para fazer escolhas de investimento mais conscientes, passa a estar no controle, definindo para onde vai e em quanto tempo.

Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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