O poder da mente: como funciona o armazenamento do cérebro?

Se você já assistiu “Divertida Mente” deve lembrar das inúmeras cenas em que os sentimentos são os responsáveis por conduzir determinadas situações, levando em consideração aquilo que é vivenciado pela protagonista.

Ainda que a animação seja uma representação da forma como lidamos com o que sentimos, algo é verídico: existem diversos setores e áreas do cérebro em funcionamento quando falamos de memorização.

Ilustração de um cérebro 3D cercado por pontos de conexão e linhas brilhantes

O cérebro é considerado o órgão mais importante do corpo – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

Isso porque o órgão funciona de acordo com o desafio que está sendo apresentado. Enquanto algumas situações demandam o controle da área visual, outras podem ser a junção de várias regiões, exigindo foco e concentração.

Existe uma capacidade máxima para o cérebro?

Algumas pesquisas apontam um número exato quando o assunto é a retenção de aprendizados. Entretanto, esse valor pode variar conforme os estímulos de cada indivíduo e o trabalho desenvolvido, colocando em xeque aquela afirmação de que usamos apenas determinada porcentagem do cérebro.

“Provavelmente foi estimado no sentido de que o cérebro tem muitas potencialidades. Com o aprendizado na idade certa, desenvolvimento, conseguimos melhorar a capacidade mental. Claro que essa estimativa de 10% não é real, mas aumentamos a nossa capacidade mental”, explica o neurologista Fernando Cini Freitas.

Embora não exista uma quantia precisa, é possível treinar o cérebro para melhorar a compreensão dos fatos e até mesmo a memorização de informações.

“Conseguimos expandir a nossa capacidade mental, então isso é um aspecto da potencialidade mental. Outro que talvez encontre explicação é que não usamos o cérebro 100% do tempo, a todo momento. O cérebro é especializado, então existem áreas que são motoras, visuais, emotivas, do pensamento. Conforme a atividade do cotidiano usamos uma área ou, às vezes, uma integração”, menciona o profissional.

Quando o assunto é o tempo adequado de aprendizado ou limite, é preciso estar atento aos sinais do corpo e ao período adequado para reter os novos conhecimentos.

“Posso aprender uma nova tarefa, mas vou aprender, basicamente, nos primeiros 20 minutos, um pouco menos na primeira hora, mas quando houver um cansaço, a quantidade de informação retida, aprendida vai perdendo a qualidade”, elenca Fernando.

Foco, concentração e atenção

Ilustração de um homem com uma lupa ao redor de várias lâmpadas, focado em uma única lâmpada vermelha

A atenção é quando direcionamos os sentidos do corpo para determinada ação – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

Mesmo que as palavras façam parte da rotina, às vezes esquecemos do significado e da importância, seja durante a atividade na escola ou no estudo antes da prova. Vale ressaltar que a atenção é quando direcionamos os sentidos do corpo para determinada ação (conversa, leitura ou observação).

O foco é quando conseguimos manter essa atenção mesmo com todas as distrações, e a concentração é quando direcionamos a atenção para aquilo que importa.

Entretanto, muitos detalhes podem dificultar o processo, tirando a ênfase do que realmente importa. “Esse é um dos problemas da vida moderna: temos muitos distratores. Muito se fala sobre a atenção dividida, capacidade de prestar atenção em dois fatos ao mesmo tempo. Isso é extremamente raro”, esclarece o neurologista.

É importante lembrar que as questões genéticas e as influências determinam a capacidade de aprendizado e memorização — quanto mais estímulo, melhor será o processo de retenção.

A capacidade de armazenamento também deve ser dividida entre memória de curto e longo prazo, além da capacidade que temos de reter informações que serão armazenadas por longos períodos, aquelas memórias que, às vezes, demoramos para lembrar — seja algo da infância ou dos primeiros meses de vida.

Regido pelas emoções

Como o organismo funciona de forma integrada, de acordo com aquilo que observamos e sentimos em cada situação, é de se imaginar que os sentimentos desempenham um papel crucial quando o assunto é assimilação e fixação.

“As emoções estão sempre em paralelo ao funcionamento de todas as outras áreas. A emoção positiva ou negativa vai ter um impacto no aprendizado e na memória. É absolutamente importante a emoção quando falamos de memória. Tão importante quanto lembrar é esquecer, então uma das tarefas da área cerebral responsável pela memorização é desprezar memórias que não tem relevância. Quem vai fazer a seleção do que tem relevância ou não são as emoções”, finaliza Fernando.

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