Câmbio fortalece preço da soja do Brasil; Chicago na contramão limita negócios

Scott Olson/Guettyimages

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Dólar forte frente ao real compensa queda nos preços das commodities em Chicago

A comercialização de soja ganhou o câmbio como aliado nos últimos dias no Brasil, com o dólar forte frente ao real contrabalançando a queda dos preços na CBOT (Bolsa de Chicago, na sigla em ingles), ajudando alguns negócios, disseram analistas.

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“Melhorou (a comercialização), mas pouco. Os prêmios melhores mais ou menos compensaram o recuo na CBOT. Aí a diferença fica no câmbio”, disse Flávio França Junior, o economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos, à Reuters.

“Ontem, por exemplo, foi um dia de câmbio mais forte, os preços internos ficaram meio malucos, caminhando em todas as direções, mas onde subiu, os negócios saíram”, acrescentou França Jr.

Desde sexta-feira até o início desta terça-feira (16) no Brasil, os preços da soja em Chicago tinham recuado cerca de 2,5%, para US$ 11,45 (R$ 60,34) por bushel, enquanto o dólar no Brasil avançara 2,7% no mesmo período.

No acumulado de abril, o dólar havia subido quase 5% frente ao real, enquanto a soja em Chicago caído cerca de 4%.

Para o especialista da Datagro, a conjuntura indica que “os produtores não irão abandonar o modelo de venda escalonada e dentro da necessidade”.

O plantio de soja nos Estados Unidos, importante fator para o mercado de Chicago, teve um bom início, com um clima favorável pressionando os preços.

Mais cedo, a Datagro informou que a comercialização da safra de soja do Brasil 2023/24 foi estimada em 41,6% da produção esperada até 5 de abril, apontando avanço mensal de 8,4 pontos percentuais.

O índice, contudo, ainda segue abaixo dos 43% observados em igual período do ano passado para a safra anterior e dos 57,6% da média dos últimos cinco anos para o período, com a queda nos preços internacionais e a quebra de safra no Brasil reduzindo o ímpeto dos negócios de agricultores.

“O mercado está confuso, mas não rodou muita coisa”, disse o analista de Safras & Mercado Luiz Fernando Roque, no final da tarde de segunda-feira.

Nesta terça, Roque afirmou que os preços no mercado brasileiro estavam entre “estáveis a mais firmes”, citando que a valorização do dólar estava prevalecendo sobre as quedas em Chicago.

A analista Daniele Siqueira, da AgRural, comentou algo na mesma linha, não vendo nada “nada fora do normal” em termos de negócios de soja.

“O mercado da soja continua rodando, mas negócios já vinham saindo antes dessa alta maior do dólar”, disse ela, lembrando que “março foi um mês bem forte” em termos de negociações.

Segundo a especialista, os produtores ficam de olho no preço de fato pago pela saca. “Como Chicago está na contramão, o otimismo trazido pelo câmbio acaba sendo neutralizado um pouco.”

No mercado de milho também não há grandes alterações. “Os preços até sobem via dólar mais alto, mas ainda existe uma diferença grande entre os preços oferecidos pelos compradores e os preços pedidos pelos produtores”, destacou.

“Essa distância entre as pontas dificulta negócios envolvendo maiores volumes. No geral, o mercado do milho segue rodando da mão para a boca.”

Prêmios da soja

Ainda nesta terça, os prêmios da soja para embarque imediato no porto de Paranaguá voltaram a ficar negativos, após ficarem positivos na véspera.

Os diferenciais da soja no porto em relação a Chicago não ficavam positivos havia oito meses, notou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em análise na semana passada.

Como pano de fundo, o mercado segue lidando com estimativas díspares da safra brasileira, cuja colheita caminha para a fase final.

A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) não alterou hoje a estimativa de safra do Brasil, mantendo-a em 153,8 milhões de toneladas, volume 7,3 milhões de toneladas maior em relação à projeção da estatal Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

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