Opinião | Netanyahu mata, o Brasil abastece. E não: isso não é culpa do povo judeu, é de um governo genocida

O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra. É um massacre. É um genocídio transmitido ao vivo, em tempo real, com milhares de crianças, mulheres e civis assassinados sob os escombros de um território sitiado. E é preciso dizer, com todas as letras: isso não é culpa do povo judeu. Isso é culpa do governo de Israel, comandado por Benjamin Netanyahu, um homem que transformou a dor legítima do Holocausto em escudo para crimes de guerra.

Há uma diferença brutal entre ser judeu e apoiar a política de extermínio do Estado de Israel. Há judeus em Israel e no mundo inteiro protestando contra essa carnificina. E há, sim, sionistas de extrema-direita promovendo a limpeza étnica do povo palestino — com armas, bombas e a indiferença cúmplice da comunidade internacional.

E o Brasil? O Brasil “repudia”, mas abastece.
Repudia em notas frias, protocolares, inofensivas. Mas mantém o fornecimento de combustível para os tanques e caças israelenses por meio da Petrobras, sob o manto de contratos com empresas israelenses como a Tenova e o grupo ICL. O governo brasileiro sabe disso. O Itamaraty sabe. A Petrobras sabe. E continuam fingindo que não têm sangue nas mãos.

O que dizer da esquerda institucional que silencia? Dos progressistas que preferem o conforto das meias-palavras ao custo da coerência ética? De que adianta falar em “direitos humanos” se se omite diante do maior massacre de civis do século XXI?

Gaza está sendo apagada do mapa. Com mísseis, com fome, com sede, com apagões de comunicação e a morte lenta de uma geração inteira. Enquanto isso, governos “democráticos” como o do Brasil optam pela ambiguidade: condenam para as câmeras, mas continuam abastecendo a máquina de matar.

É preciso dizer o óbvio: criticar o genocídio em Gaza não é antissemitismo. É um dever moral. Porque os que hoje matam em nome de Israel não representam os sobreviventes dos campos de concentração. Representam o oposto: o ciclo monstruoso da opressão que aprendeu a se reinventar sob novas bandeiras.

E aos que se calam, se escondem ou relativizam: o silêncio também mata. E a História cobrará.

Marco Antônio André, advogado e ativista de Direitos Humanos

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