

Mauro Cid durante interrogatório no STF – Foto: Gustavo Moreno/STF
O tenente-coronel Mauro Cid disse nesta segunda-feira (9) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou influenciar o relatório final da CTE (Comissão de Transparência Eleitoral), querendo incluir possíveis falhas nas urnas eletrônicas – mesmo sem ter provas para isso.
Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje é delator, é o primeiro dos oito réus a ser interrogado na ação que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A declaração foi dada em resposta à pergunta feita por Paulo Gonet, procurador-geral da república.
Segundo Cid, o documento produzido pela Comissão – formada por especialistas de diversas áreas – tinha caráter técnico e concluiu que não havia fraudes ou irregularidades nas eleições.
“No entanto, o então presidente Jair Bolsonaro defendia que o documento deveria incluir elementos que apontassem a possibilidade de fraude, mesmo sem evidências concretas”, disse o militar.

Jair Bolsonaro assiste ao interrogatório de Mauro Cid – Foto: Gustavo Moreno/STF
Ele também relatou que, enquanto o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, mantinha uma postura técnica nas discussões, Bolsonaro buscava imprimir um tom político ao relatório. “Era uma tentativa de levantar dúvidas sobre a segurança do sistema eleitoral”, completou.
A Comissão de Transparência Eleitoral foi criada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como parte das medidas para aumentar a confiança nas eleições e garantir diálogo com instituições da sociedade civil e do Estado.