Veja o que alegaram as defesas dos réus do “Caso Viúva Negra”; julgamento se encaminha para o final

Durante o primeiro júri do julgamento que apura o assassinato de Edinei da Maia, as defesas de cada um dos três réus buscaram apresentar justificativas diferentes para os jurados.

O objetivo em comum das três foi “buscar um julgamento justo”, tentando enquadrar a conduta de cada réu nos crimes que, segundo eles, cada um pode ter cometido no caso. Porém, foi registrado também o pedido das defesas por absolvições. 

Defesa de Robson

A primeira defesa a falar foi a de Robson de Amorim. Foi destacado que, embora Robson tenha participado do crime, ele não cometeu todas as ações alegadas pela acusação. O advogado que representa o réu afirmou que o acusado “apenas” indicou o local onde o crime ocorreu e ajudou na condução de um veículo.

O defensor declarou que Robson não tocou na vítima nem participou da cova onde ela foi enterrada. “Ele participou do crime, mas sua participação foi de menor importância. Ele não cavou nem fechou a cova. Ele não amarrou ninguém. Pedimos que se aplique o que a lei determina e que ele seja absolvido dos crimes conexos”.

Defesa de Júlio

A defesa de Júlio Cézar, apontado como mentor da execução ao lado da viúva da vítima, Elisa Zierke dos Passos, começou sua manifestação de maneira mais enérgica. Logo no início, buscou destacar falas de testemunhas que apresentavam uma visão da vítima um pouco diferente daquela descrita pela acusação.

Para isso, exibiu um vídeo com o depoimento de uma mulher conhecida por algumas pessoas por ter sido amante de Edinei. No vídeo, ela afirma que não se casaria com Edinei porque ele era usuário de drogas e alcoólatra, e que Elisa aparecia “toda roxa”, sugerindo que o empresário assassinado agredia a esposa.

O segundo vídeo exibido foi o de uma filha de Edinei, menor de idade, que afirmou que o pai “batia muito” nela e na mãe. “Ele não gostava da família da minha mãe, xingava muito”, disse a menor, relatando que Edinei “bebia tanto que chegava a cair no corredor e só acordava no outro dia”.

Também foi mostrado um depoimento gravado do sogro de Edinei, que relatou momentos em que o ex-genro exagerava na bebida e fazia ameaças aos familiares, principalmente em festas e eventos de família.

“O Júlio errou? Sim. Eu quero que ele seja condenado, mas por extorsão, não por homicídio. Ele não participou da execução, não cavou cova, não deu tiro e não era amante da Elisa. O ‘coraçãozinho’ que ela mandou para ele, mandou para outros envolvidos também. Outra coisa, não se pode falar em facção criminosa nesse caso. Júlio nunca foi condenado por nada do tipo, pelo contrário, foi absolvido pelo próprio juiz que está aqui presente”, disse uma advogada.

A defesa buscou deixar claro que Júlio não recebeu nenhum dinheiro pelo crime e que não há provas de que isso tenha ocorrido. Também apresentou um vídeo que Júlio teria gravado antes da morte de Edinei. Nele, Júlio afirma que jamais faria mal ao ex-patrão e que, se algo acontecesse com Edinei ou com ele próprio, não teria dúvida de que Patrick estaria envolvido.

A advogada também exibiu um áudio em que Júlio conversa com Patrick antes do crime, dizendo que estava com medo de que alguém fizesse algo com Edinei e que esse não era o objetivo do plano. Em um segundo áudio, Patrick aparece dizendo que Júlio era um medroso e que não tinha medo dele. “Brota na minha casa, irmão. Tu sabe onde eu moro. Eu sei que se eu te mandar minha localização, é claro que tu não vai vir”.

Segundo a advogada, os áudios deixam claro que o réu mais perigoso e que intimidava os outros era Patrick, não Júlio. “Meu cliente só apareceu no processo no finalzinho. Isso porque ninguém citava o nome dele até Patrick ser preso e falar que tinha sido ‘contratado’. Ninguém conhecia o Júlio. O próprio Jean, que foi quem levou a polícia até o corpo, disse que não conhecia o Júlio. Como ele poderia arquitetar todo esse crime? Como pode ele responder por um crime de homicídio?”.

“Júlio está aqui pois a investigação quis provar que ele tinha um caso com a Elisa e que juntos eles arquitetaram a morte de Edinei. Isso não é verdade, ficou provado que ele não tinha nenhum caso com ela. Não há prova nenhuma do envolvimento dele no assassinato. Condenem ele sim, mas por extorsão, não por homicídio”, finalizou a advogada.

Defesa de Kauê

Formada por quatro advogados, a defesa de Kauê Hans Becker tomou uma postura parecida com a de Júlio, mas com diferenças importantes. 

A defesa afirmou que Kauê foi chamado de última hora, praticamente como um substituto, e que não há provas de que tenha participado de qualquer reunião para planejar o crime.

“Em nenhum lugar nos autos diz que ele foi contratado para matar alguém. A palavra ‘matar’ não existe em nenhum trecho sobre o Kauê”, afirmou um advogado.

Segundo a defesa, Kauê queria apenas “dar um susto” em Edinei porque acreditava que ele agredia a mulher e a filha.

“Mas ele não matou ninguém. Ele tem que ser julgado? Sim. Mas não por todas essas acusações que estão sendo feitas contra ele. Ele teve participação, mas não em tudo”, disse o defensor.

A defesa explicou que Kauê foi contratado apenas para abordar Edinei, colocá-lo no porta-malas e levá-lo até um ponto onde outra pessoa tomaria alguma atitude.

“Mas ele não sabia que ação era essa. Ele tem que ser julgado pela proporção do crime que praticou. Ele não praticou homicídio. A acusação colocou todo mundo ‘no mesmo balaio’. Isso é justiça? É um crime bárbaro, mas ele não pode ser julgado por tudo”, afirmou.

O advogado disse que Kauê agiu com dolo em outros delitos, mas não no homicídio. “A acusação fala em planejamento, churrasco na cova e muita violência, mas nada disso envolveu o Kauê. Vocês acham mesmo que ele aceitaria matar alguém por R$ 1 mil ou R$ 2 mil?”, questionou.

Ele também mencionou as dificuldades enfrentadas por Kauê na vida, sugerindo que isso poderia ter influenciado suas atitudes. “Patrick estava com defensor, Kauê e os outros não. Ele nem celular tinha quando foi preso. Isso não é o perfil de quem arquiteta tudo. Existe uma linha de crime financeiro, mas por apenas R$ 2 mil? Ele nem recebeu esse valor”, disse o advogado.

Segundo a defesa, o próprio Robson teria mencionado que Kauê entrou até certa parte na mata e depois saiu. “Júlio mesmo disse que nem sabia da existência de Kauê nessa história”, lembrou o defensor.

Ele também rebateu as qualificadoras: “cai por terra o motivo torpe, porque ele estava tomado por forte emoção. Sobre o crime de emboscada, ninguém falou nada sobre Kauê. Ele responde pelo furto do carro de Edinei, mas nunca ganhou nenhum valor por isso, o que também não faz sentido”.

Quase ao fim da manifestação, um terceiro advogado pediu que o júri considerasse Kauê inimputável por todos os crimes conexos. “Se os jurados entenderem que ele é culpado, pedimos a clemência, ou seja, a possibilidade que os jurados têm de, mesmo existindo alguma materialidade, absolver o acusado por clemência”, concluiu.

As alegações de cada defesa foram marcadas por recusas em permitir a intervenção da promotora. As defesas de Júlio e Kauê não cederam espaço de fala para Susana, que também não havia dado oportunidade à defesa de Júlio durante sua manifestação.

A promotora, por usa vez, disse seria sucinta na sua réplica e que tinha como objetivo rebater algumas das alegações feitas pelas defesas.


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