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A chegada da chinesa Keeta ao Brasil, anunciada na semana passada com um investimento previsto de R$ 5 bilhões, trouxe novas perspectivas ao dinâmico mercado brasileiro de delivery. O setor já vive uma movimentação importante com o anúncio recente da volta da operação chinesa da 99 Food, a parceria entre Uber e iFood e o reposicionamento do colombiano Rappi.
A Uber e o iFood anunciaram um acordo para integração de serviços entre seus aplicativos. Com a parceria, os usuários do iFood poderão solicitar viagens da Uber diretamente pelo app de delivery, enquanto os usuários da plataforma de transporte terão acesso aos serviços de entrega de comidas, mercados, farmácias e conveniência do iFood no próprio app da Uber.
O objetivo da iniciativa é ampliar o acesso dos consumidores a ambos os serviços, sem necessidade de alternar entre aplicativos. Segundo Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, cerca de metade dos usuários de ambas as plataformas já utilizam os serviços de forma recorrente. O executivo afirmou que a integração representa um avanço na estratégia de consolidar mobilidade e entregas em um único ambiente digital.
O movimento foi visto por muitos especialistas como uma resposta do iFood aos concorrentes. De acordo com Gustavo Torrente, Head of Learning & Technical Solutions da Alura+FIAP Para Empresas, “hoje, o iFood é, sem dúvida, o principal aplicativo de delivery do Brasil. Embora existam alternativas regionais, principalmente em cidades do interior, a marca iFood consolidou uma relação de confiança muito forte com o consumidor brasileiro, algo que não se rompe do dia para a noite.”
“A chegada de um novo player chinês ao mercado é uma movimentação relevante, mas é importante contextualizar. Esse aplicativo que está sendo lançado por aqui é uma solução da Meituan, um dos principais apps da China e um grande benchmark do iFood. O Keeta, anunciado no Brasil, é um braço desse ecossistema, que foi desenvolvido para expandir sua presença global, que iniciou em Hong Kong, passou pela Arábia Saudita e, agora, chega ao Brasil”, destaca Gustavo.
IA e delivery
Considerado, atualmente, um dos segmentos que mais investem em tecnologia, o delivery, em especial pela movimentação do iFood, tem um papel importante na ampliação do uso de IA generativa. “Falando de inteligência artificial, a China está entre as grandes potências mundiais, ao lado dos Estados Unidos e da Índia, principalmente no que diz respeito à eficiência algorítmica. Eles têm modelos de IA bastante sofisticados, capazes não só de recomendar pratos e restaurantes, mas também de prever a demanda futura de um estabelecimento, o que ajuda, por exemplo, na gestão de estoque e na compra de insumos.”
“Mas IA sozinha não é suficiente. O grande diferencial competitivo está nos dados. E, nesse quesito, o iFood ainda tem uma vantagem relevante: sua base de dados é extensa e profundamente contextualizada no comportamento do consumidor brasileiro. Sem acesso a esse volume e qualidade de dados, mesmo o algoritmo mais avançado do mundo terá dificuldades em entregar valor real no curto prazo. Com isso, é provável que esse novo concorrente chegue com estratégias agressivas, como cupons de desconto ou promoções, para atrair consumidores. Isso certamente vai provocar um movimento no mercado, o que é positivo. Concorrência força inovação. E, no fim das contas, deve impulsionar ainda mais o uso estratégico da inteligência artificial na experiência do usuário, nas operações logísticas e na precisão das entregas.”, conclui Gustavo.
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