
Manutenção preventiva, troca de lâmpadas e disjuntores, pequenos reparos e atenção constante com o bem-estar parecem tarefas simples, mas exigem imensa dedicação. Em 2025, Clair Morais da Silva, de 78 anos, completa 22 anos consecutivos como síndico do Residencial Oli Rodrigues, número 270, no Centro de Brusque.
Ele, que assumiu a função de forma definitiva em 2003, deixa o cargo em maio por motivos de saúde. O jornal O Município conversou com Clair para relembrar alguns dos momentos que viveu nessa função.

Natural de Laguna, no sul do estado, Clair fez carreira em diversos bancos, chegando a ocupar cargos administrativos. Como a profissão exigia constantes viagens e mudanças, ele já morou em cidades como Blumenau e Itajaí.
Até que, na década de 1980, mudou-se com a esposa, Ruth dos Santos da Silva, 76, para Brusque. Em 1988, foi inaugurado o Residencial Oli Rodrigues. Eles foram um dos primeiros moradores do prédio.
Entre a inauguração e 2003, três pessoas assumiram o cargo de síndico em períodos distintos, Clair foi uma delas. Somando todos os anos, ele ocupou a função por mais de três décadas.

“Nunca multei ninguém”
Clair conta que foi eleito síndico em 2003 porque nunca teve atrito com nenhum morador nos anos em que viveu no residencial. Ele diz que poderia continuar no cargo, mas, por problemas de saúde, decidiu se aposentar.
“Todos os problemas sempre foram bem resolvidos. Sempre que havia alguma discussão, nós resolvíamos nos melhores termos. Então eu toquei o barco até o momento. Muitos gostariam que eu continuasse, mas eu não tenho mais saúde para ficar. Tenho problema de audição e dificuldade para falar”, conta.

Ele procurou transformar o condomínio em uma verdadeira família, algo percebido pela grande parte dos moradores, que vive no prédio há mais de duas décadas. Para ele, todos são educados e poucas vezes precisou recorrer ao regimento interno para chamar a atenção de alguém.
“Eu gostava de seguir as regras, aquilo que estava no regimento. Chegava para eles e dizia: está no regimento, vamos cumprir. Se não cumprir, vou multar. Mas, em todo esse tempo, nunca multei ninguém. Só no papo a gente conversava e todos se entendiam”.

Até hoje, Clair organiza as despesas do condomínio e envia a prestação de contas para todos os moradores. Na sala onde antes funcionava a guarita, ele mantém um arquivo com toda essa documentação.
Outra tarefa que ele ainda realiza é a manutenção na casa de máquinas. Atualmente, porém, vai com menos frequência até lá, pois há técnicos especializados que prestam esse serviço ao condomínio.

Assassinato e incêndio no prédio
Apesar da tranquilidade na administração, Clair enfrentou momentos de tensão no edifício. Um deles foi o assassinato de Mislaine Ribeiro da Silva, 22 anos, na manhã do Natal de 2013. A jovem foi encontrada carbonizada na cama pela amiga com quem dividia o apartamento há poucos meses.
As investigações da Polícia Civil concluíram que ela havia sido estrangulada por um adolescente de 16 anos que, após matá-la, ateou fogo no quarto. Na ocasião, ele foi detido e cumpriu pena. Clair lembra que o vigia do prédio havia saído às 6h e ninguém presenciou o crime.
“Foi um baque, porque ninguém esperava isso. O apartamento está fechado até hoje, não teve mais nenhum morador”, diz.

Outro episódio marcante foi um incêndio em um apartamento no quarto andar, o mesmo onde Clair mora. Por volta das 12h50 do dia 22 de dezembro de 2024, moradores perceberam fumaça saindo do local e acionaram os bombeiros. Ninguém ficou ferido.
Quando a reportagem visitou Clair, na segunda quinzena de maio, o andar ainda estava em obras por causa dos danos causados pelas chamas. As paredes estavam sendo pintadas e uma porta havia sido reestruturada.
“O incêndio começou no quarto e não havia ninguém em casa. No fundo, ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Tanto a moradora quanto o condomínio tinham seguro, então a questão foi resolvida. A única coisa chata foi o incômodo. Só o nosso andar foi prejudicado, mas já está quase tudo pronto. O restante do prédio está intacto”.

Ajuda da família
Clair afirma que a ajuda de amigos e familiares foi fundamental para que conseguisse exercer a função. Ele diz que sempre estará à disposição dos próximos síndicos, caso precisem de ajuda. No dia 26 de maio acontecerá uma nova eleição, e há possibilidade de uma empresa ser escolhida para administrar o condomínio.
“Dá muito trabalho. No dia a dia, a gente pensa que é fácil, mas não é. Tem a caixa de gordura que precisa limpar, o transformador que precisa trocar. Nós passamos a energia elétrica de monofásica para bifásica, então agora dá para instalar quatro ar-condicionados, e a rede suporta. Também fizemos melhorias como a reconstrução da piscina e do salão de festas”, diz.

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