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A Food and Drug Administration (FDA), agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, estima que entre 30% e 45% dos alimentos do país são desperdiçados. Trata-se de um desafio que a indústria desse setor leva muito a sério.
“O que esse número representa em termos de fome global e emissões de gases de efeito estufa é imenso”, afirma Hans Sauter, diretor de sustentabilidade e vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento corporativo e agricultura da Fresh Del Monte Produce, produtora, distribuidora e comercializadora global de frutas e vegetais frescos de alta qualidade para 90 países, sediada na Flórida (EUA).
Categorias de Desperdício de Alimentos
No setor de hortifrúti, o desperdício pode ser classificado em cinco categorias:
- Alimentos estragados, que se tornam impróprios para o consumo devido à deterioração ou outros danos;
- Alimentos “feios”, descartados por não atenderem a padrões estéticos;
- Alimentos velhos, que permaneceram tempo demais na cadeia de valor;
- Alimentos em excesso, que os consumidores não conseguem consumir;
- Resíduos alimentares, como cascas, sementes e outras partes que não são consumidas por humanos.
Embora algum nível de desperdício seja praticamente inevitável, estratégias de redução de perdas são necessárias para ampliar a disponibilidade de alimentos e a eficiência do uso de terras agrícolas, e mitigar impactos ambientais.
A Resposta da Indústria
Varejistas e fornecedores de alimentos na Califórnia, Oregon e Washington criaram uma parceria multissetorial chamada Pacific Coast Food Waste Commitment (PCFWC). Diversos projetos foram implementados como parte dessa iniciativa e, a partir deles, aprendizados têm sido compartilhados entre os participantes dos setores público e privado.

Hans Sauter é vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento corporativo e agricultura da Fresh Del Monte Produce
Uma das abordagens mais promissoras que surgiu da experiência foi o envolvimento direto dos trabalhadores que lidam com os alimentos no dia a dia, incentivando-os a propor estratégias de redução de desperdício.
O Empoderamento dos Funcionários
A partir de um exemplo positivo dessa abordagem na Bob’s Red Mill, empresa norte-americana especializada na produção de alimentos integrais, naturais e saudáveis, que foi compartilhado entre os integrantes do PCFWC, a Fresh Del Monte iniciou um projeto piloto de grande escala para reduzir o desperdício de alimentos em sua unidade de North Portland, no Oregon.
Esse centro lida com importações de abacaxi, melancia, melão verde, melão cantaloupe e manga. Parte dessas frutas é distribuída inteira e fresca, enquanto outra parte é cortada e embalada no local, como produtos frescos prontos para consumo.
“O projeto foi extremamente bem-sucedido em engajar os trabalhadores. A abordagem foi muito prática e, como todos precisam olhar para o próprio bolso, os funcionários conseguiram perceber como esse aprendizado também se aplica à vida doméstica”, diz Sauter.
Ele acrescenta que entender a conexão entre desperdício de alimentos e mudanças climáticas se tornou uma reflexão importante. “Isso não impacta apenas nossos negócios e instalações, mas também nossas comunidades, porque os trabalhadores compartilham isso com seus círculos sociais”, afirma.
O nível de engajamento dos funcionários ficou evidente quando 75% dos trabalhadores da unidade apresentaram, juntos, um total de 197 ideias distintas para reduzir o desperdício de alimentos. Eles também relataram sentir-se valorizados e empoderados por terem sido convidados a participar ativamente do processo.
“O que a Fresh Del Monte está fazendo com o engajamento dos funcionários pode gerar um grande impacto”, afirma Pete Pearson, vice-presidente de Perdas e Desperdício de Alimentos do World Wildlife Fund, organização sem fins lucrativos que também participa do PCFWC.

Os EUA desperdiçam de 30% a 45% dos seus alimentos.
A Melhor Ideia
A ideia “vencedora” envolvia a simples mudança na ordem de uma etapa de triagem e sanitização, o que permitiu preservar uma quantidade maior de frutas comestíveis para uso nas opções de frutas frescas cortadas.
O plano foi testado em cinco frutas — melão cantaloupe, melão verde, manga, abacaxi e melancia. Entre as frutas que seriam descartadas, 53,2% foram recuperadas. “Embora surpreendentemente simples, a iniciativa tem potencial para causar grande impacto”, diz Sauter.
Agora, a Fresh Del Monte está avaliando como aplicar esse novo processo em outras unidades de corte de frutas nos EUA.
De forma geral, as soluções que têm surgido a partir desses e de outros esforços semelhantes incluem formas de evitar danos ou perdas, reduzir desperdício por meio de mudanças de procedimentos, doar produtos ou reciclar/reaproveitar os alimentos.
Soluções para o desperdício de alimentos exigem coordenação entre múltiplos agentes e o empoderamento das pessoas que estão mais próximas dos processos.
* Steven Savage é colaborador da Forbes EUA e escreve sobre tecnologias relacionadas à alimentação e agropecuária.
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