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Enquanto pesquisas segmentadas apontam para um horizonte dominado pela inteligência artificial, a 16ª edição da TIC Empresas, feita anualmente pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, traçou um panorama amplo da adoção da tecnologia no Brasil, com representantes de todos os tamanhos e regiões do país.
A partir da amostra de mais de quatro mil entrevistas, o levantamento revelou que a média de uso da IA pelas empresas nos últimos dois anos foi de apenas 13% (gráfico abaixo). Entre os principais desafios para a adoção estão os custos da tecnologia, incompatibilidade com o negócio e falta de capacitação.
“A IA ainda é uma experimentação de grandes negócios, que possuem recursos e pessoas especializadas. A maioria das instituições de grande porte que reportaram algum tipo de uso de IA compraram essas soluções de outras empresas [76%]. Então, isso ainda vai demorar para escoar”, afirma Leonardo Melo Lins, coordenador da pesquisa TIC Empresas do Cetic.br.
De acordo com o coordenador, o indicador reflete o momento embrionário do desenvolvimento tecnológico no país. No entanto, a pesquisa traz um dado positivo em relação à conectividade. 92% das empresas acessam à internet por meio de fibra ótica, com um movimento crescente em direção a velocidades maiores: 28% dos entrevistados contrataram planos acima de 500 Mbps em 2024 — um aumento de 7% ante 2021.
“Boas conexões de internet podem se desdobrar em oportunidades no futuro. Porém, ainda existem etapas que as empresas de pequeno e médio porte precisam cumprir para que a IA vire uma realidade”, pontua Leonardo. Para ele, a “realidade” vai além do uso ocasional de chatbots. Trata-se do uso da tecnologia para a resolução de problemas e para a automatização de processos.
Ecossistema de IA
Parte da solução para o atraso tecnológico brasileiro passa pela construção de um ecossistema alimentado por instituições privadas, universidades e governos, afirma Lins. “Quando observamos a pesquisa, apenas 20% das empresas que utilizam IA desenvolveram a tecnologia internamente e 9% realizaram parcerias com universidades. Eu não digo que isso é ruim, mas essas proporções precisam aumentar para criarmos essa massa crítica de uso, que em outros países, sobretudo China e Estados Unidos, já é estabelecida.”
Segundo o coordenador, “tradicionalmente governos tomam a dianteira nesse aspecto”, como exemplo, ele cita o plano brasileiro de IA, que prevê parcerias e investimentos no setor. Todavia, a “efetividade do projeto depende da perenidade e coordenação”.
O governo brasileiro anunciou em agosto de 2024 um aporte de R$ 23 bilhões até 2028 para a inteligência artificial, em busca de “transformar o país em uma referência mundial em inovação”. Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve nos Estados Unidos para conversar com possíveis investidores, entre eles Google e Nvidia, sobre a construção de data centers verdes no Brasil. A expectativa é que R$ 2 trilhões sejam injetados no mercado nacional.
Apesar dos obstáculos, Leonardo Melo Lins é otimista em relação ao futuro da IA no país. “A pesquisa mostra que nós temos a possibilidade de dar um salto digital, porque um aspecto básico, que é o de conectividade, está resolvido”, diz. “Agora, transformar esse acesso em estratégia é o passo, talvez, mais difícil. Saber escolher as tecnologias e entender como a internet pode ajudar, demanda qualificação.”
O post Apenas 13% das Empresas Utilizaram IA em 2024; O que o Número Diz Sobre o Brasil apareceu primeiro em Forbes Brasil.