Guerra Nuclear no Horizonte? Índia e Paquistão Trocam Ataques e Geram Temor Global

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

As tensões entre Índia e Paquistão, dois países com arsenais nucleares, se intensificaram na quarta-feira (07), após as forças armadas indianas realizarem ataques aéreos durante a madrugada contra o que classificaram como “infraestrutura terrorista” no país vizinho. A ação ocorreu duas semanas depois de Nova Délhi acusar Islamabad de envolvimento em um atentado terrorista que matou 26 civis em uma cidade turística na Caxemira administrada pela Índia.

Os ataques com mísseis — batizados de “Operação Sindoor” — foram realizados nesta manhã, no horário local. Autoridades indianas afirmaram que os alvos eram nove locais onde supostamente estavam sendo planejados “ataques terroristas contra a Índia”.

Essa foi a operação militar mais significativa realizada pela Índia contra o Paquistão desde os ataques aéreos de 2019 em Balakot, na Caxemira administrada pelos paquistaneses.

Segundo o governo indiano, os ataques não tinham como alvo nenhuma infraestrutura militar do Paquistão. A Índia afirmou ter agido com base em informações de inteligência que indicavam novos “ataques transfronteiriços” sendo planejados contra seu território — e que desejava impedir.

Autoridades paquistanesas condenaram veementemente os ataques, classificando-os como “um ato de guerra não provocado e descarado” que “violou a soberania do Paquistão”. Acusaram ainda a Índia de usar o “falso pretexto da existência de campos terroristas imaginários” para justificar o ataque.

Inimigos de longa data

A primeira guerra entre Índia e Paquistão ocorreu em 1947, mesmo ano em que os dois países foram separados com base em critérios religiosos e conquistaram a independência do Império Britânico. Após a partição, ambos reivindicaram o antigo estado principesco da Caxemira — território disputado que, desde então, está no centro do conflito entre os dois.

Em 1949, as duas partes chegaram a um cessar-fogo mediado pela ONU, que dividiu a Caxemira ao longo da chamada “Linha de Controle”, embora ambos os lados continuem a reivindicar o território em sua totalidade.

Índia e Paquistão voltaram a se enfrentar em 1965 antes de aceitarem um acordo de paz negociado pela União Soviética e pelos Estados Unidos em Tashkent. Outro conflito aconteceu em 1971, que resultou na independência do Paquistão Oriental e na criação do atual Bangladesh.

O confronto mais recente de grande escala ocorreu em 1999, quando tropas paquistanesas infiltraram-se secretamente na região de Kargil, na Caxemira indiana. As forças indianas conseguiram retomar o território capturado, mas evitaram entrar na área controlada pelo Paquistão, uma vez que ambos os países já possuíam armas nucleares à época.

Desde 1999, não houve conflitos diretos entre os dois lados, mas a Índia tem acusado repetidamente o Paquistão de financiar militância na Caxemira, além de estar por trás de grandes atentados terroristas em solo indiano — como os ataques de Mumbai em 2008.

Guerra nuclear no horizonte?

Índia e Paquistão são países com armas nucleares, o que aumenta significativamente o risco de uma escalada perigosa em caso de guerra total. Segundo o World Factbook da CIA, a Índia possui cerca de 1,5 milhão de militares ativos, o que a torna uma das maiores forças armadas do mundo. O Paquistão, por sua vez, conta com cerca de 630 mil militares em serviço ativo.

Apesar de ter um exército maior, as forças armadas indianas estão mais espalhadas geograficamente, pois também precisam lidar com tensões com a China ao longo de suas fronteiras disputadas ao norte e nordeste.

De acordo com a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), o arsenal nuclear da Índia inclui 164 ogivas, enquanto se estima que o Paquistão possua 170. No entanto, ao contrário do Paquistão, a Índia conta com uma tríade nuclear — ou seja, é capaz de lançar armas nucleares por terra, ar e mar.

A Índia afirma seguir a chamada política de “não uso inicial” de armas nucleares. Isso significa que o país se compromete a não usar armamento nuclear em conflitos, exceto em resposta a um ataque nuclear de outro país.

O Paquistão, por outro lado, não adota essa política e, diferentemente da Índia, acredita-se que possua ogivas táticas de menor escala, projetadas para uso em campo de batalha, em vez de alvos estratégicos como grandes cidades. Essas ogivas táticas podem ser lançadas por mísseis menores, como o Nasr. Especialistas alertam que o uso dessas armas menores pode aumentar o risco de uma escalada que leve a um conflito nuclear para um outro patamar. 

Após afirmar que abateu cinco caças indianos — declaração que não foi comentada pela Índia —, o ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, sinalizou que qualquer ação futura dependerá da postura indiana. “Se a Índia atacar, responderemos. Se a Índia recuar, com certeza encerraremos [a escalada]”, disse à Bloomberg TV. No entanto, o Comitê de Segurança Nacional do país insistiu que o Paquistão se reserva o direito de responder aos bombardeios. Em um comunicado, o comitê também apelou à “comunidade internacional que reconheça a gravidade das ações ilegais e não provocadas da Índia e que responsabilize o país por suas flagrantes violações das normas e leis internacionais”.

Autoridades indianas não indicaram se estão previstos novos ataques, mas, em uma coletiva de imprensa, o comandante da Força Aérea Indiana, Vyomika Singh, afirmou: “As forças armadas estão totalmente preparadas para responder a qualquer aventura paquistanesa que venha a escalar a situação.”

O post Guerra Nuclear no Horizonte? Índia e Paquistão Trocam Ataques e Geram Temor Global apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.