Terceirizada assume 60% da coleta de lixo e tira o monopólio da Comcap em Florianópolis

Cansado das sucessivas greves mobilizadas pelo Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis) — maioria delas consideradas ilegais pela Justiça, como a deste ano, ocorrida entre os dias 12 e 19 de março —, aos poucos o município amplia a terceirização da coleta de resíduos e reduz a abrangência da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital).

Empresa terceirizada tira o lixo do Centro de Florianópolis – Foto: Leo Munhoz/ND

Atualmente, a empresa GF Soluções Ambientais realiza aproximadamente 60% do serviço, atuando nas regiões Norte da Ilha, Continente e parte do Centro. Já a Comcap faz o serviço no Maciço do Morro da Cruz, Leste e Sul da Ilha. O custo do trabalho feito pela terceirizada é praticamente a metade do custo da Comcap.

Para a FG, a prefeitura paga R$ 205,58 por tonelada coletada. Já para a Comcap, o custo por tonelada é de R$ 400. A explicação para a exorbitante diferença está no salário dos servidores. Ao que tudo indica, a terceirizada também consegue fazer mais com menos, pois tem estrutura bem menor.

Enquanto a Comcap tem mais de 1.500 funcionários, a terceirizada contratada pelo município tem 260 pessoas trabalhando na coleta.

Na estrutura de maquinário, são 66 compactadores, seis poliguindastes, 21 caminhões basculantes ou de baús, sete caminhões de carroceria aberta, três sucateiros e seis Roll On Roll Off. Além disso, tem dois caminhões Acello compactador 3/4 e dois Kias Bongo para coleta em locais de difícil acesso.

O preço dos serviços prestados pela Comcap

Considerando salários, combustível e equipamentos, confira no total do orçamento da Comcap, os valores pagos em coleta, limpeza urbana, além de transporte e aterro de 2023 e 2024:

2023

• Coleta: R$ 33 milhões
• Limpeza Urbana: R$ 45,5 milhões
• Transporte e destino final do lixo: R$ 43,2 milhões

2024

• Coleta: R$ 36,6 milhões
• Limpeza Urbana: R$ 33,2 milhões
• Transporte e destino final do lixo: R$ 35,9 milhões

Caminhões de lixo levados por dia para o aterro em Biguaçu:

• Média de 35 carretas saem por dia do CVR para o aterro.

Resíduos sólidos

Quantas mil toneladas de resíduos sólidos a Comcap movimentou em 2023: 253.577,01

Serviço entregue a outras empresas avançará no ritmo das aposentadorias

Conforme o prefeito Topázio Neto, a Comcap ainda atua porque, afinal de contas, o município tem disponível a mão de obra dos garis e motoristas. “É preciso dosar. Posso avançar à medida que forem se aposentando, não contrato mais e cada equipe completa que sair da Comcap, terceirizo mais uma equipe para substituir a que está saindo. Vamos avançar à medida que a mão de obra da Comcap for reduzindo”, ressalta o prefeito.

Cabe ressaltar que, além da coleta de lixo, a Comcap presta outros serviços na cidade, como varrição, capina, roçagem e pintura de meio fio. Nesse caso, sob a tutela da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Se por um lado pretende avançar na terceirização, o atual prefeito descarta a possibilidade de privatização por causa dos salários pagos na Comcap e uma cláusula incluída na transformação em autarquia.

“Se alguém comprasse teria que absorver todos os servidores que lá estão. Economicamente não é viável. E eu não posso simplesmente parar de fazer a limpeza com a Comcap, contratar uma terceira, porque teria o custo da Comcap e da terceira”, afirma Topázio. A prefeitura também investe em formas de modernizar os serviços prestados pela Comcap.

Modernização e mecanização

No caso da limpeza urbana, por exemplo, foram investidos recentemente R$ 800 mil na aquisição de novos equipamentos. “Como as pessoas vão se aposentando, preciso de outras soluções para a limpeza pública e que não passem pela simples contratação de outras pessoas. Hoje temos, sim, equipamentos mecanizados para capina e roçagem”, explica o prefeito.

Ainda conforme Topázio, nesse momento, o município faz a transição de uma empresa terceiriza para outra de limpeza urbana. “A empresa vencedora não deu conta de prestar o serviço, estamos rescindindo o contrato e vamos chamar a segunda colocada. Então, sim, estamos buscando cada vez mais tecnologia para acabar com a mão de obra braçal. Quanto mais conseguirmos automatizar e mecanizar, melhor”, acredita Topázio.