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Espanha e Portugal restauraram a energia após o pior apagão da história dos países, embora as autoridades tenham dado poucas explicações sobre a causa do problema ou sobre como evitar que ele ocorra novamente.
Os semáforos voltaram a funcionar, os serviços de trem e metrô retornaram lentamente e as escolas foram reabertas. Os passageiros lidaram com atrasos para voltar ao trabalho depois de uma interrupção que deixou as pessoas presas em elevadores e sem contato telefônico com suas famílias.
O apagão fez com que o equivalente a 60% da demanda na Espanha caísse em cinco segundos por volta do meio-dia de segunda-feira (28).
Nesta terça-feira, a operadora de rede espanhola REE descartou a possibilidade de um ataque cibernético como causa. A empresa disse ter identificado dois incidentes de perda de geração de energia, provavelmente de usinas solares, no sudoeste da Espanha, que causaram instabilidade no sistema elétrico e levaram a uma interrupção de sua interconexão com a França.
Mas ainda é muito cedo para explicar por que isso aconteceu, disse o chefe de operações do sistema da REE, Eduardo Prieto, em uma coletiva de imprensa.
“Até recebermos os dados sobre os aspectos de geração, não podemos tirar conclusões”, declarou ele. A REE planeja investir em mais interconexões com a França para tornar o sistema mais estável, acrescentou.
A Espanha é um dos maiores produtores de energia renovável da Europa, e o apagão provocou um debate sobre se a volatilidade do fornecimento de energia solar ou eólica tornou seus sistemas de energia mais vulneráveis.
O banco de investimentos RBC disse que o custo econômico do apagão pode variar entre 2,25 bilhões de euros e 4,5 bilhões de euros, culpando o governo espanhol por ser complacente demais com a infraestrutura em um sistema dependente de energia solar com pouco armazenamento de bateria.
Estado de emergência
Javier Díaz, um estudante de 24 anos, foi forçado a dormir na Movistar Arena de Madri, uma casa de shows, depois de ficar preso na capital. Por sorte, ele havia acabado de percorrer o Caminho de Santiago, uma rota de peregrinação cristã no norte da Espanha, e tinha um saco de dormir, “então tivemos uma noite muito boa”.
Autoridades de Madri colocaram ônibus gratuitos para levar as pessoas ao trabalho na terça-feira, e o metrô e alguns trens começaram a funcionar, embora com atrasos. O trabalhador da construção civil William Galicia, 39 anos, viu três ônibus passarem completamente cheios.
“Teremos que ter sorte se houver um com um pouco mais de espaço interno para podermos entrar”, disse ele.
Um estado de emergência foi declarado em muitas regiões da Espanha na segunda-feira, com a mobilização de 30.000 policiais. Na estação de Atocha, em Madri, a polícia e funcionários da Cruz Vermelha distribuíram cobertores e garrafas de água.
Bares e restaurantes contabilizavam o custo da perda de produtos depois que os refrigeradores e freezers foram desligados por mais de oito horas.
Em Portugal, o governo informou que os hospitais voltaram a funcionar, os aeroportos estavam operacionais, embora com atrasos em Lisboa, enquanto o metrô da capital estava reiniciando as operações e os trens estavam funcionando.
Os sistemas de energia podem ser vulneráveis quando combinam energia renovável intermitente, como a eólica e a solar, com fontes tradicionais, como usinas a gás e nucleares, disse Victor Becerra, professor de engenharia de sistemas de energia da Universidade de Portsmouth.
“Seja qual for a causa, uma falha grave em uma área pode exercer uma pressão repentina sobre os sistemas vizinhos, causando desligamentos de proteção para evitar danos maiores”, disse Becerra.
Mais de 75% da energia que a Espanha estava usando no momento da interrupção era proveniente de fontes renováveis, de acordo com dados da Red Electrica.
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