“Todas as experiências que eu tive com a FURB foram ruins”, diz chefe de Gabinete da Prefeitura, em reunião de comissão da Câmara

O chefe de Gabinete da Prefeitura, Dênio Scotini, cobrou duramente a Reitoria da FURB nesta segunda-feira. Foi durante o encontro da Comissão Temporária para Recuperação Fiscal-Orçamentária da instituição da Câmara de Blumenau.

Além dos vereadores integrantes da comissão e do chefe de Gabinete, participaram o pró-reitor de administração da universidade, Jamis Piazza, o diretor do Instituto FURB, Daniel Agostini, o presidente do Sinsepes, Márcio Rastelli, o diretor administrativo do ISSBLU, Ricardo Bof, além de três membros do OSBLU e do advogado Christian Panini, representando a OAB e o Observatório Social.

Os vereadores cobraram mais serviços em parceria entre a Prefeitura e a FURB, tentando entender as dificuldades. Foi quando Dênio criticou a demora e a falta de agilidade da FURB em implementar projetos, referindo-se a experiências ruins anteriores, como no caso do hospital veterinário, onde os custos eram mais elevados do que os de clínicas privadas. Segundo ele, essa falta de parceria efetiva impediria o desenvolvimento de serviços essenciais para a população.

“Todas as experiências que eu tive com a FURB foram ruins”, disse Dênio, listando algumas tentativas de viabilizar parcerias, começando pelo hospital-escola e depois o hospital veterinário. “Não dá para ser parceiro onde não se tem parceria, a primeira impressão foi muito ruim”, disse o chefe de Gabinete, responsável pelas relações políticas e institucionais da administração Egidio Ferrari (PL).

Destacou que o custo do hospital veterinário da FURB para o Município seria maior do que o de uma clínica particular, criticando a morosidade. “Eu participei de duas reuniões com vocês, na segunda eu disse que não queria mais tratar com vocês”, afirmou, olhando para os representantes da universidade, “depois que eu disse isso, apareceu um cronograma”, concluiu.

“Vocês não vêm dizer para a gente que a gente não faz”, reclamou Dênio, afirmando ter convidado a Reitoria algumas vezes para conversar. E citou uma situação quando Egidio ainda era deputado estadual e Dênio, chefe de Gabinete na Assembleia Legislativa. Disse que houve uma conversa sobre a possibilidade do Município investir na estrutura do hospital da FURB e, como retorno, ouviram que o objetivo era fazer o calçamento da rua onde ele está localizado. “Não consigo acreditar que vocês preferiram o calçamento a ofertar serviços à população”, disparou o chefe de Gabinete do prefeito Egidio.

Por fim, Dênio fez questão de anunciar que a FURB pediu um financiamento de R$ 10 milhões junto ao Badesc, mas que ainda está em análise pela prefeitura, por conta da situação financeira da universidade. E sugeriu que a Comissão analisasse este pedido da FURB.

A primeira resposta, do pró-reitor James Piazza, foi serena para a forte crítica. Defendeu o financiamento, apontando que os recursos são para compra de equipamentos de tecnologia. Lembrou que a FURB não tem problemas de crédito, destacando a preocupação em utilizar os recursos de maneira responsável e com planejamento.

Sobre as parcerias, Jamis Piazza lembrou que, como instituição pública, a FURB precisa fazer as coisas com pé no chão, disse que o calçamento foi a proposta de uma emenda parlamentar que não veio e que era importante para os estudantes e usuários do hospital veterinário.

“A FURB está aberta ao diálogo”, disse, “e busca estabelecer parcerias que possam beneficiar ambos os lados.”

Mas o diretor do Instituto FURB, Daniel Agostini, rebateu de forma mais contundente. Ao ser questionado sobre outros temas pela vereadora Cristiane Loureiro, fez questão de pontuar algumas respostas, em especial, sobre o hospital veterinário.

“Do jeito que falaram, parece que a FURB cobra uma fortuna pelo serviço, é uma coisa que me deixa perplexo”, afirmando que uma castração de gatos para a universidade custa cerca de R$ 85. Também buscou explicar a remuneração dos professores que são os responsáveis técnicos durante a atividade de sala de aula.

“Prova o total desconhecimento”, disse Daniel Agostini, referindo-se à fala do representante da Prefeitura, que já tinha saído da reunião.

Sobre o hospital-escola, disse que há prazos que a legislação exige. “Ninguém vai empurrar goela abaixo da FURB sobre posição de prazos ou antecipação de prazos, pois a responsabilidade cai sobre a Reitoria”, dando um recado para a administração municipal. “E não há pressão que vá nos fazer ceder”, disse o diretor do Instituto da FURB, afirmando que era uma determinação da reitora Márcia.

A audiência trouxe outros temas importantes, mas a manifestação de Dênio Scotinni, chefe de Gabinete da administração Egidio Ferrari (PL), e a resposta do diretor do Instituto FURB evidenciam que há  atrito nesta relação institucional, que começou há quatro meses, prazo do mandato da atual gestão na Prefeitura.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.