

Apartamentos do papa do Palácio Apostólico e da Casa Santa Marta foram lacrados com selo na presença do camerlengo, cardeal Kevin Farrell. – Foto: Reprodução/Vatican News/ND
Durante os 12 anos em que liderou a Igreja Católica, o Papa Francisco fez escolhas que ecoaram muito além dos corredores do Vaticano. Uma das mais simbólicas foi a decisão de morar no quarto 201 da Casa Santa Marta, abrindo mão do tradicional e luxuoso Palácio Apostólico.
Ali, em um espaço modesto, com uma cama de solteiro, um crucifixo, uma luminária simples e seu inseparável chimarrão argentino, Francisco construiu não apenas um lar, mas um manifesto silencioso. A escolha, feita ainda nos primeiros dias de seu pontificado em 2013, refletia um posicionamento claro: mais proximidade com o povo e menos distanciamento institucional.

Quarto em que Papa Francisco viveu últimos momentos – Foto: Reprodução/TN/Revista Gente/Archivo Atlántida/ND
O quarto 201 do Papa Francisco
O estilo de vida austero se estendeu a todos os aspectos da rotina. O papa dispensava luxos, não havia vista privilegiada, nem decoração sofisticada. Compartilhava o refeitório com padres, funcionários e trabalhadores do Vaticano e tomava um café da manhã simples: iogurte desnatado e café.
O dia começava às 4h45 com orações e missa matinal. Depois, lia os jornais impressos, ouvia tangos de Gardel e evitava se conectar à internet, numa tentativa de se manter conectado ao mundo de forma mais humana e menos virtual.

Fachada da Casa Santa Marta – Foto: Reprodução/Vatican News/ND
Essa coerência acompanhou Francisco até o fim. O velório ocorreu na própria Casa Santa Marta, com um caixão simples e sem ornamentos, exatamente como ele havia solicitado. Não houve cerimônias grandiosas ou símbolos de poder.
A simplicidade do quarto 201 se tornou um dos maiores símbolos de seu pontificado. Mais do que um lugar para dormir, foi o cenário de um estilo de vida que inspirou mudanças, gerou reflexões e deixou uma marca indelével na história da Igreja.