Cerca de 200 mil pessoas participaram do funeral do Papa Francisco; na missa de exéquias, Cardeal Re recordou as marcas que Francisco imprimiu na Igreja
Jéssica Marçal
Da Redação

Caixão com o corpo do Papa conduzido à Praça São Pedro para a missa de exéquias / Foto: Joyce Mesquita
Um Papa no meio do Povo, com coração aberto a todos e um pontificado centralizado no Evangelho da misericórdia. Assim o decano do colégio cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, fez memória do Papa Francisco ao presidir a Missa de exéquias do Pontífice neste sábado, 26, na Praça São Pedro. A celebração reuniu cerca de 200 mil pessoas, “com o coração triste, mas sustentados pelas certezas da fé, que nos garante que a existência humana não termina no túmulo, mas na casa do Pai”, frisou o cardeal.
Fiéis e delegações de várias partes do mundo marcaram presença no funeral do Papa falecido na segunda-feira, 21. Francisco conduziu a Igreja Católica por 12 anos, imprimindo de imediato “a marca da sua forte personalidade no governo da Igreja”, nas palavras do Cardeal Re.
O decano (mais velho do colégio de cardeais) destacou que a manifestação popular de afeto e adesão nos últimos dias mostram quão intenso foi o pontificado do Papa Francisco, que tocou mentes e corações. Uma imagem forte recordada pelo cardeal foi quando Francisco apareceu na sacada da Basílica Vaticana no último Domingo de Páscoa: mesmo fragilizado, quis dar a sua benção e estar em meio ao povo.
“Apesar da sua fragilidade nesta reta final e do seu sofrimento, o Papa Francisco escolheu percorrer este caminho de entrega até ao último dia da sua vida terrena. Seguiu as pegadas do seu Senhor, o bom Pastor, que amou as suas ovelhas até dar a própria vida por elas.”, afirmou o cardeal.
O coração aberto de Francisco
Em sua homilia, o Cardeal Re também recordou algumas marcas deste pontificado. A começar pela escolha do nome – Francisco – com a qual o Papa já indicou a escolha do seu programa e estilo pastoral. Sempre expressou seu desejo de estar próximo a todos, com atenção especial às pessoas em dificuldade.
“Foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos. Foi também um Papa atento àquilo que de novo estava a surgir na sociedade e àquilo que o Espírito Santo estava a suscitar na Igreja.”
Outra marca foi seu vocabulário característico: uma linguagem rica de imagens e metáforas, com a qual buscou iluminar os problemas dos tempos atuais com a sabedoria do Evangelho. “Tinha uma grande espontaneidade e uma maneira informal de se dirigir a todos, mesmo às pessoas afastadas da Igreja.”
Igreja: casa para todos
“O fio condutor da sua missão foi também a convicção de que a Igreja é uma casa para todos; uma casa com as portas sempre abertas. Várias vezes utilizou a imagem da Igreja como um “hospital de campanha” depois de uma batalha em que houve muitos feridos”, recordou o cardeal. “Misericórdia e alegria do Evangelho são duas palavras-chave do Papa Francisco.”, acrescentou.
Outro destaque que não poderia deixar de ser mencionado foram seus apelos em favor da paz. “Perante o eclodir de tantas guerras nos últimos anos, com horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o Papa Francisco levantou incessantemente a sua voz implorando a paz e convidando à sensatez, a uma negociação honesta para encontrar soluções possíveis, porque a guerra – dizia ele – é apenas morte de pessoas e destruição de casas, hospitais e escolas. A guerra deixa sempre o mundo pior do que estava: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos.”
Finalizando sua reflexão, o Cardeal Re rezou para que Deus acolha o Papa Francisco na imensidão do seu amor, evocando ainda aquele pedido tão característico de Francisco: “rezem por mim”. O purpurado frisou que, hoje, é a Igreja que conta com essas orações.
“Querido Papa Francisco, agora pedimos-Vos que rezeis por nós e que, do céu, abençoeis a Igreja, abençoeis Roma, abençoeis o mundo inteiro, como fizestes no domingo passado, do balcão central desta Basílica, num último abraço a todo o povo de Deus, mas também, idealmente, à humanidade que procura a verdade de coração sincero e segura bem alto a chama da esperança.”
O post Funeral de Francisco: “um Papa no meio do povo, com coração aberto” apareceu primeiro em Notícias.