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A semana encerrou em uma toada positiva, diante da amenização do conflito comercial entre China e Estados Unidos. As principais bolsas de valores do mundo tiveram desempenho positivo no dia, inclusive o Ibovespa — apesar da alta ter sido mais tímida nesta sexta-feira (25). O dólar emplacou a sexta sessão consecutiva de queda ante o real, após novos dados de inflação no Brasil reforçarem a perspectiva de elevação maior de juros pelo Banco Central (BC) em maio.
No fim do pregão, a moeda americana recuou 0,5%, cotada a R$ R$5,6903. Na semana, a divisa acumulou baixa de 2,01% e, em abril, a queda é de 0,29%. O viés negativo para o dólar no Brasil contrastou com o cenário visto no exterior, onde a divisa subiu ante a maior parte das demais divisas. Já o principal índice brasileiro avançou 0,12%, totalizando 134.739,28 pontos, maior patamar de fechamento desde setembro de 2024. Apesar da alta não ser significativa, foi suficiente para que o Ibovespa terminasse a semana com ganho de 3,93%.
Entre o macro e o micro
No início do dia, o dólar oscilou no território positivo ante o real, em meio a sinais de alívio nas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Enquanto o país asiático isentou algumas importações americanas, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que seu governo está conversando com Pequim para fechar um acordo tarifário.
Ele reiterou que conversou com o presidente chinês, Xi Jinping, “várias vezes”, sem informar quando ou quais tópicos foram discutidos. Trump afirmou que fornecerá mais detalhes “no momento apropriado”. No entanto, a China negou que houve contato. Mais tarde, o republicano disse a repórteres que seu governo será razoável na imposição de tarifas comerciais e acrescentou que considera que os mercados financeiros estão se ajustando à sua política tarifária. Sob o tom mais apaziguador, os principais índices em Wall Street encerraram a sexta em terreno positivo, também marcando altas semanais, tendo ainda no radar uma série de balanços corporativos de empresas americanas.
No entanto, a pressão de baixa para as cotações retornou ainda pela manhã no Brasil, dando continuidade ao movimento mais recente e reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15). Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 subiu 0,43% em abril, após alta de 0,64% em março, ficando em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters. No somatório dos últimos 12 meses, o índice avançou 5,49%, ante 5,26% em março, também em linha com a expectativa.
Embora esteja dentro do esperado, o IPCA-15 segue bem acima da meta oficial de inflação perseguida pelo Banco Central, de 3%, com oscilação para cima de até 1,5%. A alta foi impulsionada pela alimentação no domicílio, que ficou em 1,29%, acima da projeção do banco BMG, de 1,11%. A inflação de bens industriais, de 0,57%, também superou as expectativas do banco, de 0,54%. Já o índice de difusão — que reflete o percentual de itens dentro do IPCA-15 — passou de 61% em março para 67,8% em abril.
Selic pode subir acima do esperado
Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que, com o IPCA-15 indicando uma inflação ainda pressionada, aumentaram as chances de o Banco Central elevar a taxa básica Selic em 50 pontos-base em maio — e não em 25 pontos-base, uma possibilidade que começou a ganhar força nos últimos dias. “Tivemos alguma expectativa em relação à taxa básica de juros para maio, depois do IPCA-15.
Segundo Fernando Bergallo, diretor da assessoria FB Capital, a perspectiva de um aumento maior da Selic para controlar a inflação favorece o carry trade, operação na qual investidores tomam empréstimos no exterior, a uma taxa de juros menor, para investir no Brasil, onde os retornos são maiores. Em teoria, isso significa potencial de entrada de mais dólares no país.
Destaques
– VALE ON perdeu 2,64%, após informar na noite de quinta-feira (24) que seu lucro líquido caiu 17% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para US$ 1,4 bilhão (R$ 7,966 bilhões), impactado por preços mais baixos do minério de ferro, que ofuscaram ganhos com maiores vendas e redução de custos.
O desempenho também foi endossado por queda nos futuros de minério de ferro na China, com o contrato de setembro mais ativo na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrando as negociações com declínio de 1,87%, a 709 iuanes (R$ 553,66) a tonelada, embora tenha assegurado na semana alta de 0,35%. O presidente-executivo da mineradora, Gustavo Pimenta, afirmou durante teleconferência que não vê impactos relevantes da guerra comercial às operações e vendas da empresa neste momento.
– PETROBRAS PN fechou em alta de 0,30% e PETROBRAS ON ganhou 0,49%, seguindo a recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril do Brent, referência para a estatal, subiu 0,48%, a US$ 66,87 (R$ 380,54). No setor, PRIO ON avançou 1,07%, após a companhia informar na véspera que recebeu anuência do Ibama para workover dos poços no campo de Tubarão Martelo, incluindo os poços TBMT-10H e TBMT-4H, que estavam parados devido à falha na Bomba Centrífuga Submersa. Para analistas do Itaú BBA, embora já considerada, a aprovação é vista como positiva, dada a incerteza que existia em relação ao momento em que essa autorização seria concedida.
– RAÍZEN PN desvalorizou-se 2,70%, na esteira da divulgação de seu relatório preliminar do quarto trimestre da safra 2024/2025. A empresa informou que moeu 700 mil toneladas de cana-de-açúcar no período, versus 13,8 milhões de toneladas no trimestre imediatamente anterior, enquanto sua produção de açúcar equivalente foi entre 84 mil e 88 mil toneladas e suas vendas de açúcar totalizaram 969 mil toneladas na safra 2024/2025.
– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com decréscimo de 0,37%, em sinal acompanhado por SANTANDER BRASIL UNIT, que cedeu 0,68%. Por outro lado, BRADESCO PN subiu 0,15%, BANCO DO BRASIL ON ganhou 1,12% e BTG PACTUAL UNIT avançou 1,39%.
– MULTIPLAN ON fechou com alta de 1,39%, devolvendo perdas do início do pregão após a divulgação de seu resultado do primeiro trimestre na quinta-feira. A Multiplan reportou lucro líquido 12,4% menor entre janeiro e março em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 234 milhões e receita líquida quase estável no comparativo anual (+0,4%).
Na frente operacional, houve crescimento em vendas e na taxa de ocupação média de seus shoppings. Em teleconferência com analistas nesta sexta, o presidente da companhia informou que as vendas totais em abril cresceram 16,3% até o domingo de Páscoa, apoiadas pelo feriado prolongado. Além disso, ele afirmou estar otimista sobre o atual trimestre. Entre operadoras de shopping centers, ALLOS ON avançou 0,14% e IGUATEMI UNIT caiu 0,34%.
– MAGAZINE LUIZA ON encerrou com queda de 1,14%, após disparar mais de 10% na véspera. A varejista informou na noite de quinta que acertou a captação de US$ 130 milhões com a International Finance Corporation (IFC), instituição financeira pertencente ao Banco Mundial, e deverá aplicar maior parte dos recursos em investimentos em tecnologia. Na contramão, o índice de consumo subiu 0,77%.
– CARREFOUR BRASIL ON caiu 0,23%, a R$ 8,64, perto da contrapartida oferecida pelo controlador francês Carrefour a acionistas de R$ 8,50 por ação da unidade brasileira. A oferta veio após a aprovação do fechamento de capital da subsidiária no Brasil, que responde por cerca de 20% das vendas brutas globais do grupo europeu. O Carrefour espera concluir a operação em meados de junho.
– AZUL PN afundou 17,37%, ampliando as perdas depois de desabar quase 25% na véspera, tendo ainda no radar o resultado da sua oferta de ações, com a emissão de papéis que totalizaram R$ 1,66 bilhão, bem abaixo dos R$4,1 bilhões estimados na ocasião do anúncio. O recuo também segue por conta da decisão do Cade de analisar o acordo de codeshare entre a companhia e a Gol. GOL PN, que está fora do Ibovespa, recuou 4,32%.
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